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sábado, 3 de março de 2012

Rage - 21 (2012)


É fato que o Rage não lança algo que faça jus ao nome que conseguiu no meio metálico há um certo tempo. Mas a esperança é a última que morre, e mesmo depois do fraquíssimo Strings To A Web (2010), cá estamos nós aqui de novo ouvindo mais um novo trabalho do grupo. 21 é o vigésimo-primeiro álbum do trio (obviamente), e novamente chega ao público cercado de muitas expectativas (tanto boas quanto ruins).

Após a curta intro "House Wins", nos deparamos com a faixa-título, que consegue surpreender positivamente com seu andamento speed-metal, e se torna ao longo de seus mais de cinco minutos uma boa canção, apesar do solo de guitarra decepcionante de Victor Smolski. Infelizmente, temos a seguir a não mais que mediana "Forever Dead", que mesmo com algumas boas passagens instrumentais e os vocais característicos de Peter Wagner corretos como sempre, acaba soando um tanto enfadonha, ainda mais contando com um riff 'modernoso' que acabou caindo muito mal a faixa. Mas apesar dessa caída rápida de produção, continuemos a audição normalmente.

Por sorte, as boas "Feel The Pain" e "Serial Killer" aparecem para botar o track-list de volta aos eixos rapidamente, sendo que a última inclusive apresenta linhas vocais que beiram o gutural como diferencial positivo. De resto, vale destacar em meio ao repertório a quase thrash metal "Concrete Wall", que agrada justamente por ser mais simples e direta, e também as ótimas "Destiny" e "Black And White", que são nada mais nada menos do que a banda fazendo aquilo que sempre fez durante boa parte de sua longa carreira com muita competência.

O que acaba prejudicando o saldo final são algumas outras músicas que assim como a já citada "Forever Dead", não empolgam. "Death Romantic" tem seus momentos de inspiração, mas passa longe de ser algo que chame muito a atenção, e "Psycho Killer" poderia ser uma das melhores faixas do play se não passasse dos desnecessários sete minutos de duração (uns 4 já seria de bom tamanho pra ela). Isso para não falar da fraquíssima faixa de encerramento "Eternally", uma semi-balada totalmente dispensável.

Para quem esperava algo do mesmo nível dos mais recentes, 21 será de certa forma uma boa surpresa, pois apesar de alguns deslizes que já viraram quase rotina, apresenta uma boa qualidade mais elevada que os seus antecessores. Está longe de ser um clássico do grupo, mas deve agradar a maioria dos fãs.

NOTA: 7

Matheus Henrique

sexta-feira, 2 de março de 2012

Bruce Springsteen - Wrecking Ball (2012)


O que ainda há para ser falado sobre Bruce Springsteen que já não foi dito por milhares de fãs/críticos ao longo dos anos? Dono de uma das discografias mais respeitáveis da música pop, com obras do quilate de Born To Run (1975), Darkness On The Edge Of Town (1978) e Nebraska (1982), o chefão reaparece na cena logo agora no início de 2012 com seu mais novo lançamento, Wrecking Ball. E para quem duvidava (ou seja, qualquer ser desprovido de bom gosto musical) que ele poderia continuar relevante mesmo com uma extensa carreira nas costas, esse disco é a prova definitiva do contrário.

É impressionante a maneira que Bruce consegue, em suas letras, retratar a situação atual do povo norte-americano como ninguém. E ao mesmo tempo, suas canções continuam poderosas e dotadas de inspiração e sinceridade, conseguindo seduzir o ouvinte, seja ele qual for, de um modo arrebatador. O primeiro single do registro, e também faixa de abertura do mesmo, a ótima "We Take Care Of Our Own", já dá pistas de tudo que foi citado anteriormente, e nos prepara para tudo que virá a seguir no repertório do play.

Não há como não se emocionar, nem que seja bem pouco mesmo (risos), com a maravilhosa "Jack Of All Trades", que ganha fácil o posto de destaque principal do track-list, ou mesmo ficar indiferente a pérolas como as boas "Easy Money", "You've Got It" e "We Are Alive", além da cativantes "Death To My Hometown" e "Shackled And Drawn", e a longa "Land Of Hope And Dreams".

Certos artistas parecem nunca envelhecerem, musicalmente falando, com suas canções (sejam elas novas ou antigas) soando eternamente atemporais. E Bruce Springsteen é a personificação exata disso tudo. E quem sai ganhando com isso somos nós, os fãs, que somos presenteados com mais um de seus atestados de genialidade. Wrecking Ball talvez não esteja no nível dos clássicos, é verdade, mas já é um dos melhores disco do ano com sobras. E nem ouse duvidar disso...

NOTA: 9

Matheus Henrique

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Vivendo Do Ócio - O Pensamento É Um Imã (2012)


Há certas bandas dentro do meio 'roqueiro', mais especificamente o nacional, que por mais que tenham suas qualidades, pecam pela falta de originalidade e também pela pouca maturidade nas letras (afinal, falar de temas adolescentes, salvo exceções, têm o seu prazo de validade). E esse é justamente o caso dos baianos do Vivendo Do Ócio, que chegam ao seu segundo álbum de estúdio, O Pensamento É Um Imã, buscando fugir dos clichês citados no início do texto, ainda que de uma maneira bastante tímida.

As influências são quase as mesmas do debut, com músicas calcadas entre o punk rock clássico e o indie rock da última década. Mas algumas faixas conseguem se diferenciar, mostrando novas e interessantes direções para as canções do quarteto. "Dois Rios" é a música que Marcelo Camelo teria composto se tivesse tentando fazer algo na linha de "Balada Do Amor Inabalável", do Skank (ouça e comprove), e "O Mais Clichê" aposta no regionalismo para convencer o ouvinte, e de certa forma consegue. Infelizmente, o mesmo não se pode dizer da fraca balada "Nostalgia", com a participação do Agridoce (Pitty e Martin) e que soa um tanto forçada.

Entre os rocks, vale citar as boas "O Mundo É Um Parque", com um riff que remete ao Arctic Monkeys de Favourite Worst Nightmare, e "Por Um Punhado De Reais", com sua letra inspirada no filme "Per Un Pugno Di Dollari" (1964), além das regulares "Radioatividade", com sua sonoridade beirando o pop rock, e "Eu Gastei", faixa com duração menor do que dois minutos que encerra o play, que se não são músicas espetaculares, também não comprometem de forma significativa o resultado final.

De resto, o que se têm por aqui são canções pouco inspiradas, onde predomina aquela imaturidade chata que já prejudicava o primeiro álbum (Nem Sempre Tão Normal, de 2009). As fracas "Bomba Relógio" e "Silas", apesar de algumas boas ideias aqui e ali, são extremamente pueris e dispensáveis, do tipo que só devem agradar aos mais neófitos entre os roqueiros. Isso sem falar nas ridículas "Tudo Que Eu Quero" e "Preciso Me Recuperar", que são risíveis de tão manjadas (até os nomes são péssimos). É também nessas que se evidenciam outro grande problema do grupo: os vocais 'meia-boca' do também guitarrista Jajá Cardoso.

O Vivendo Do Ócio é o tipo de banda honesta e com boas intenções. Mas isso no final das contas não vale porcaria nenhuma se as composições não sustentam a imagem do grupo. O Pensamento É Um Imã tem seus bons momentos, claro, mas ainda falta muito para os baianos. Amadurecer é preciso. Não custa nada esperar um pouco também, afinal esse é apenas o segundo álbum de estúdio do grupo, e eles ainda podem melhorar. Mas é bom que eles não demorem, ou do contrário acabarão logo esquecidos como muitos outros.

NOTA: 4,5

Matheus Henrique

Orange Goblin - A Eulogy For The Damned (2012)


Depois de cinco do anos do lançamento do bom Healing Through Fire (2007), o Orange Goblin retorna aos holofotes com seu mais novo álbum chegando as lojas do mundo todo, o há muito aguardado A Eulogy For The Damned. Praticando praticamente o mesmo stoner rock dos discos anteriores, além de influencias latentes do metal tradicional e até mesmo de hard rock em alguns momentos, a banda acerta a mão mais uma vez e mostra que está em um ótimo momento na carreia.

Tecnicamente, todos conseguem convencer perfeitamente, com a cozinha fornada por Martyn Millard (baixo) e Christopher Turner (bateria) se apresentando coesa, dando a sustentação para perfeita para as guitarras de Joe Hoare. Além, é claro, dos já característicos (ao menos para quem já é familiarizado com o grupo) vocais de Ben Ward, que continuam muito bons.

Faixas como "Death Of Aquarius", "Bishop's Wolf" e o single "Red Tide Rising" são da mais alta qualidade, e mostram o poder de fogo do quarteto no seu limite. Também vale citar como destaque as cadenciadas "Acid Trail" e "Stand For Something", que contém os melhores riffs do trabalho, a pegajosa (e ótima) "Save Me From Myself", e a boa "The Filthy And The Few", que com sua estrutura altamente derivada do punk rock, consegue se diferenciar positivamente das demais.

Mas os pontos mais altos do track-list são mesmo as poderosas "The Fog" e "A Eulogy From The Damned", que unem heavy metal, stoner e rock progressivo na medida certa, e transmitem o ouvinte direto para meados da década de 70. Por fim, há também a curta "Return To Mars", que ao contrário das anteriores, que primam pela elevada duração como atrativo (6:46 e 7:17, respectivamente), não precisa de mais de dois minutos para deixar (muito bem) o seu recado.

Em seu sétimo álbum de estúdio, o Orange Goblin não dá margens para decepções, trazendo boas canções em profusão e mostrando estar pronto para crescer ainda mais na carreira. Quem ainda não ouviu esse disco, que periga ser o melhor da discografia dos ingleses, definitivamente não sabe o que está perdendo.

NOTA: 8,5

Matheus Henrique

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

El Caco - Hatred, Love & Diagrams (2012)


Lançado no início do ano pela gravadora Indie Recordings, Hatred, Love & Diagrams é o sexto trabalho de estúdio dos noruegueses do El Caco. A diferença básica desse para os registros anteriores é que agora o grupo começa a ultrapassar os limites de seu país de origem, buscando atingir outros mercados ao redor do mundo com sua música. E a julgar pelo material presente nesse disco, eles não devem demorar muito para alcançarem seus objetivos.

Com guitarras hipnotizantes e poderosas tomando a linha de frente em vários momentos, além de uma combinação perfeita entre o baixo e a bateria em todas as canções, temos um álbum da mais alta qualidade, amparado por um repertório coeso e sem pontos fracos, e além de tudo bem produzido, pois todos os elementos sonoros são aplicados na medida certa, sem exageros que poderiam comprometer o resultado final.

O trio mostra mais uma vez ser uma banda difícil de rotular, com influências que vão desde o hard rock setentista, passando por pós-punk, stoner, prog, e até mesmo o rock alternativo. Semelhanças com nomes como o Tool e o Mastodon podem ser citadas facilmente, mas ao mesmo tempo conseguimos encontrar uma identidade própria dentro do track-list, o que os isenta de qualquer tipo de citações pejorativas.

Escolher destaques entre as dez músicas do disco é algo difícil, pois todas tem suas qualidades próprias e devem ser apreciadas individualmente. Mas não há como ficar imune a abertura sensacional com "After I'm Gone", o ótimo primeiro single "Hatred", que tem tudo para conquistar novos fãs para o grupo, e faixas viajantes e ao mesmo tempo grudentas como "Equivalence", "Confessions" e "She Said", em especial a última, que contém o melhor refrão entre todas as outras.

O El Caco mostra um talento incomum em Hatred, Love & Diagrams, e logo isso deve começar a ser reconhecido pela maioria. Se você ainda não tomou conhecimento dessa ótima banda escandinava, e por consequência desse grande álbum, é melhor corrigir isso logo. Candidato a melhor disco de 2012 facilmente (isso para dizer o mínimo).

NOTA: 9,5

Matheus Henrique

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

In Rock: Hard rock na sua mais pura essência


Por mais que muitos possam até questionar essa afirmação, é fato que o Deep Purple teve muito pouca, pra não dizer nenhuma relevância no final da década de 60. Não que seus três primeiros discos de estúdio (Shades Of Deep Purple, The Book Of Taliesyn e Deep Purple) fossem exatamente ruins, mas não há como negar que em meio a uma época onde vários trabalhos emblemáticos eram lançados massivamente, eles nunca mereceram maiores atenções. Mas esse panorama estava prestes a mudar definitivamente em 1970.

Insatisfeitos com a sonoridade praticada pela banda naquele momento, Ritchie Blackmore (guitarrista) e Jon Lord (tecladista) sabiam que era necessário uma mudança de direcionamento, em especial o primeiro, que queria mais do que nunca trazer mais peso e agressividade as composições, como o Led Zeppelin já vinha fazendo com sucesso naquele mesmo ano (1969). Para isso, dispensaram logo Rod Evans (vocalista) e Nick Simper (baixista), que não eram bons o suficiente para assumir a bronca perante a nova proposta, e ao lado do baterista Ian Paice, saíram a procura de dois novos membros para o grupo.

Depois da tentativa frustada de trazer o jovem promissor Terry Reid para liderar o microfone, que preferiu arriscar na sua carreia solo, o trio encontrou na banda underground Episode Six a pessoa mais do que certa para assumir o posto, e também alguém perfeito em meio as novas pretensões futuras: o ainda desconhecido Ian Gillan, que de quebra trouxe consigo o baixista Roger Glover. Pode-se dizer que eles mataram dois coelhos com uma cajadada só com sobras.

A estreia em disco dessa formação (conhecida como MK II) foi, na verdade, o ao vivo Concerto For Group And Orchestra, que como o próprio nome diz, foi gravado junto a Orquestra Filarmônica de Londres. Mas toda essa experiência era mais um projeto solo de Jon Lord junto dos outros do que algo que todos desejavam e queriam. Apenas em junho de 1970 seria lançado o registro que mostrava tudo que os cinco tinham a oferecer como a banda. E que registro...

In Rock é um álbum clássico em todos os sentidos. Tudo que tornaria o grupo famoso ao redor do mundo dois anos depois, com o platinado Machine Head, já está mais do que presente por aqui. Os 'duelos' inspirados entre a guitarra de Blackmore e o teclado de Lord ditam o ritmo na maior parte do tempo, mas também não há como deixar de mencionar os vocais extraordinários de Gillan, o baixo diferenciado de Glover, e o desempenho magistral do mestre Ian Paice nas peles.

No repertório, o único ponto fraco é o fato do mesmo ser um tanto curto (apenas sete músicas). Mas fica quase impossível levar isso em conta quando nos deparamos com canções do quilate da pesadíssima "Speed King", que abre os trabalhos da maneira mais poderosa possível, além das hard rockers "Bloodsucker" e "Into The Fire", com seus riffs praticamente hipnóticos, a veloz "Flight Of The Rat", a quase 'tranquila' "Living Wreck", e a épica "Child In Time", com seus mais de dez minutos de duração. Mas o maior destaque é sem dúvidas a indescritível "Hard Lovin' Man", uma das melhores faixas de encerramento de todos os tempos disparada.

O resto da história do Deep Purple nos anos seguintes todos já sabem de cor, portanto nem vale gastar linhas para explicá-la. Mas foi em In Rock que tudo isso teve realmente início, nesse que é um dos discos mais influentes dentro do rock desde a década de 70. Dizer que é essencial para qualquer amante de boa música é desnecessário.

01 - Speed King
02 - Bloodsucker
03 - Child In Time
04 - Flight Of The Rat
05 - Into The Fire
06 - Living Wreck
07 - Hard Lovin' Man

Ian Gillan (vocal)
Ritchie Blackmore (guitarra)
Roger Glover (baixo)
Jon Lord (teclado)
Ian Paice (bateria)


Matheus Henrique

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Ape Machine - War To Head (2012)


É complicado dizer logo agora, ainda no começo de 2012, que certo disco já pode ser considerado um dos melhores do ano dentro do mercado musical. Mas ás vezes o trabalho é tão diferenciado, que vale a pena arriscar fazer essa afirmação, por mais errado que isso possa parecer. E esse é justamente o caso do segundo disco do Ape Machine, o fantástico War To Head.

Pra começar, as influências da sonoridade aqui presente são evidentes, e em certos casos até mesmo obvias como o Blue Öyster Cult, o Deep Purple (tanto que o grupo fez uma versão de “Black Night” para o registro), e principalmente o Black Sabbath. Mas se você pensa que isso torna a banda um mero pastiche de qualquer um dos grupos citados, esqueça. O repertório é da mais alta qualidade, e consegue ter uma força própria que vem se tornando cada vez mais rara nos dias de hoje dentro do hard rock.

Qualquer amante de boa música irá se deliciar com pérolas como a faixa de abertura “Hold Your Tongue", a viajante "Can’t Cure Deceit”, onde o vocalista Caleb Heinze chega a lembrar Ozzy Osbourne em certas passagens, e as não menos que ótimas “Death Of The Captain” e “What’s Up Stanley?”. Isso para não falar da espetacular “The Sun”, a melhor do track-list facilmente.

Não é difícil constatar que o Ape Machine já pode ser considerado como um dos maiores nomes do estilo ao redor do mundo, apesar de estarem mais restritos ao underground por enquanto. Mas não será nenhuma surpresa se esse panorama logo mudar. Se você é fã do (bom) rock setentista, esse álbum é totalmente recomendado.

NOTA: 9,5

Matheus Henrique