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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

In Rock: Hard rock na sua mais pura essência


Por mais que muitos possam até questionar essa afirmação, é fato que o Deep Purple teve muito pouca, pra não dizer nenhuma relevância no final da década de 60. Não que seus três primeiros discos de estúdio (Shades Of Deep Purple, The Book Of Taliesyn e Deep Purple) fossem exatamente ruins, mas não há como negar que em meio a uma época onde vários trabalhos emblemáticos eram lançados massivamente, eles nunca mereceram maiores atenções. Mas esse panorama estava prestes a mudar definitivamente em 1970.

Insatisfeitos com a sonoridade praticada pela banda naquele momento, Ritchie Blackmore (guitarrista) e Jon Lord (tecladista) sabiam que era necessário uma mudança de direcionamento, em especial o primeiro, que queria mais do que nunca trazer mais peso e agressividade as composições, como o Led Zeppelin já vinha fazendo com sucesso naquele mesmo ano (1969). Para isso, dispensaram logo Rod Evans (vocalista) e Nick Simper (baixista), que não eram bons o suficiente para assumir a bronca perante a nova proposta, e ao lado do baterista Ian Paice, saíram a procura de dois novos membros para o grupo.

Depois da tentativa frustada de trazer o jovem promissor Terry Reid para liderar o microfone, que preferiu arriscar na sua carreia solo, o trio encontrou na banda underground Episode Six a pessoa mais do que certa para assumir o posto, e também alguém perfeito em meio as novas pretensões futuras: o ainda desconhecido Ian Gillan, que de quebra trouxe consigo o baixista Roger Glover. Pode-se dizer que eles mataram dois coelhos com uma cajadada só com sobras.

A estreia em disco dessa formação (conhecida como MK II) foi, na verdade, o ao vivo Concerto For Group And Orchestra, que como o próprio nome diz, foi gravado junto a Orquestra Filarmônica de Londres. Mas toda essa experiência era mais um projeto solo de Jon Lord junto dos outros do que algo que todos desejavam e queriam. Apenas em junho de 1970 seria lançado o registro que mostrava tudo que os cinco tinham a oferecer como a banda. E que registro...

In Rock é um álbum clássico em todos os sentidos. Tudo que tornaria o grupo famoso ao redor do mundo dois anos depois, com o platinado Machine Head, já está mais do que presente por aqui. Os 'duelos' inspirados entre a guitarra de Blackmore e o teclado de Lord ditam o ritmo na maior parte do tempo, mas também não há como deixar de mencionar os vocais extraordinários de Gillan, o baixo diferenciado de Glover, e o desempenho magistral do mestre Ian Paice nas peles.

No repertório, o único ponto fraco é o fato do mesmo ser um tanto curto (apenas sete músicas). Mas fica quase impossível levar isso em conta quando nos deparamos com canções do quilate da pesadíssima "Speed King", que abre os trabalhos da maneira mais poderosa possível, além das hard rockers "Bloodsucker" e "Into The Fire", com seus riffs praticamente hipnóticos, a veloz "Flight Of The Rat", a quase 'tranquila' "Living Wreck", e a épica "Child In Time", com seus mais de dez minutos de duração. Mas o maior destaque é sem dúvidas a indescritível "Hard Lovin' Man", uma das melhores faixas de encerramento de todos os tempos disparada.

O resto da história do Deep Purple nos anos seguintes todos já sabem de cor, portanto nem vale gastar linhas para explicá-la. Mas foi em In Rock que tudo isso teve realmente início, nesse que é um dos discos mais influentes dentro do rock desde a década de 70. Dizer que é essencial para qualquer amante de boa música é desnecessário.

01 - Speed King
02 - Bloodsucker
03 - Child In Time
04 - Flight Of The Rat
05 - Into The Fire
06 - Living Wreck
07 - Hard Lovin' Man

Ian Gillan (vocal)
Ritchie Blackmore (guitarra)
Roger Glover (baixo)
Jon Lord (teclado)
Ian Paice (bateria)


Matheus Henrique

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