Há certas bandas dentro do meio 'roqueiro', mais especificamente o nacional, que por mais que tenham suas qualidades, pecam pela falta de originalidade e também pela pouca maturidade nas letras (afinal, falar de temas adolescentes, salvo exceções, têm o seu prazo de validade). E esse é justamente o caso dos baianos do Vivendo Do Ócio, que chegam ao seu segundo álbum de estúdio, O Pensamento É Um Imã, buscando fugir dos clichês citados no início do texto, ainda que de uma maneira bastante tímida.
As influências são quase as mesmas do debut, com músicas calcadas entre o punk rock clássico e o indie rock da última década. Mas algumas faixas conseguem se diferenciar, mostrando novas e interessantes direções para as canções do quarteto. "Dois Rios" é a música que Marcelo Camelo teria composto se tivesse tentando fazer algo na linha de "Balada Do Amor Inabalável", do Skank (ouça e comprove), e "O Mais Clichê" aposta no regionalismo para convencer o ouvinte, e de certa forma consegue. Infelizmente, o mesmo não se pode dizer da fraca balada "Nostalgia", com a participação do Agridoce (Pitty e Martin) e que soa um tanto forçada.
Entre os rocks, vale citar as boas "O Mundo É Um Parque", com um riff que remete ao Arctic Monkeys de Favourite Worst Nightmare, e "Por Um Punhado De Reais", com sua letra inspirada no filme "Per Un Pugno Di Dollari" (1964), além das regulares "Radioatividade", com sua sonoridade beirando o pop rock, e "Eu Gastei", faixa com duração menor do que dois minutos que encerra o play, que se não são músicas espetaculares, também não comprometem de forma significativa o resultado final.
De resto, o que se têm por aqui são canções pouco inspiradas, onde predomina aquela imaturidade chata que já prejudicava o primeiro álbum (Nem Sempre Tão Normal, de 2009). As fracas "Bomba Relógio" e "Silas", apesar de algumas boas ideias aqui e ali, são extremamente pueris e dispensáveis, do tipo que só devem agradar aos mais neófitos entre os roqueiros. Isso sem falar nas ridículas "Tudo Que Eu Quero" e "Preciso Me Recuperar", que são risíveis de tão manjadas (até os nomes são péssimos). É também nessas que se evidenciam outro grande problema do grupo: os vocais 'meia-boca' do também guitarrista Jajá Cardoso.
O Vivendo Do Ócio é o tipo de banda honesta e com boas intenções. Mas isso no final das contas não vale porcaria nenhuma se as composições não sustentam a imagem do grupo. O Pensamento É Um Imã tem seus bons momentos, claro, mas ainda falta muito para os baianos. Amadurecer é preciso. Não custa nada esperar um pouco também, afinal esse é apenas o segundo álbum de estúdio do grupo, e eles ainda podem melhorar. Mas é bom que eles não demorem, ou do contrário acabarão logo esquecidos como muitos outros.
NOTA: 4,5
Matheus Henrique