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sábado, 3 de março de 2012

Rage - 21 (2012)


É fato que o Rage não lança algo que faça jus ao nome que conseguiu no meio metálico há um certo tempo. Mas a esperança é a última que morre, e mesmo depois do fraquíssimo Strings To A Web (2010), cá estamos nós aqui de novo ouvindo mais um novo trabalho do grupo. 21 é o vigésimo-primeiro álbum do trio (obviamente), e novamente chega ao público cercado de muitas expectativas (tanto boas quanto ruins).

Após a curta intro "House Wins", nos deparamos com a faixa-título, que consegue surpreender positivamente com seu andamento speed-metal, e se torna ao longo de seus mais de cinco minutos uma boa canção, apesar do solo de guitarra decepcionante de Victor Smolski. Infelizmente, temos a seguir a não mais que mediana "Forever Dead", que mesmo com algumas boas passagens instrumentais e os vocais característicos de Peter Wagner corretos como sempre, acaba soando um tanto enfadonha, ainda mais contando com um riff 'modernoso' que acabou caindo muito mal a faixa. Mas apesar dessa caída rápida de produção, continuemos a audição normalmente.

Por sorte, as boas "Feel The Pain" e "Serial Killer" aparecem para botar o track-list de volta aos eixos rapidamente, sendo que a última inclusive apresenta linhas vocais que beiram o gutural como diferencial positivo. De resto, vale destacar em meio ao repertório a quase thrash metal "Concrete Wall", que agrada justamente por ser mais simples e direta, e também as ótimas "Destiny" e "Black And White", que são nada mais nada menos do que a banda fazendo aquilo que sempre fez durante boa parte de sua longa carreira com muita competência.

O que acaba prejudicando o saldo final são algumas outras músicas que assim como a já citada "Forever Dead", não empolgam. "Death Romantic" tem seus momentos de inspiração, mas passa longe de ser algo que chame muito a atenção, e "Psycho Killer" poderia ser uma das melhores faixas do play se não passasse dos desnecessários sete minutos de duração (uns 4 já seria de bom tamanho pra ela). Isso para não falar da fraquíssima faixa de encerramento "Eternally", uma semi-balada totalmente dispensável.

Para quem esperava algo do mesmo nível dos mais recentes, 21 será de certa forma uma boa surpresa, pois apesar de alguns deslizes que já viraram quase rotina, apresenta uma boa qualidade mais elevada que os seus antecessores. Está longe de ser um clássico do grupo, mas deve agradar a maioria dos fãs.

NOTA: 7

Matheus Henrique

sexta-feira, 2 de março de 2012

Bruce Springsteen - Wrecking Ball (2012)


O que ainda há para ser falado sobre Bruce Springsteen que já não foi dito por milhares de fãs/críticos ao longo dos anos? Dono de uma das discografias mais respeitáveis da música pop, com obras do quilate de Born To Run (1975), Darkness On The Edge Of Town (1978) e Nebraska (1982), o chefão reaparece na cena logo agora no início de 2012 com seu mais novo lançamento, Wrecking Ball. E para quem duvidava (ou seja, qualquer ser desprovido de bom gosto musical) que ele poderia continuar relevante mesmo com uma extensa carreira nas costas, esse disco é a prova definitiva do contrário.

É impressionante a maneira que Bruce consegue, em suas letras, retratar a situação atual do povo norte-americano como ninguém. E ao mesmo tempo, suas canções continuam poderosas e dotadas de inspiração e sinceridade, conseguindo seduzir o ouvinte, seja ele qual for, de um modo arrebatador. O primeiro single do registro, e também faixa de abertura do mesmo, a ótima "We Take Care Of Our Own", já dá pistas de tudo que foi citado anteriormente, e nos prepara para tudo que virá a seguir no repertório do play.

Não há como não se emocionar, nem que seja bem pouco mesmo (risos), com a maravilhosa "Jack Of All Trades", que ganha fácil o posto de destaque principal do track-list, ou mesmo ficar indiferente a pérolas como as boas "Easy Money", "You've Got It" e "We Are Alive", além da cativantes "Death To My Hometown" e "Shackled And Drawn", e a longa "Land Of Hope And Dreams".

Certos artistas parecem nunca envelhecerem, musicalmente falando, com suas canções (sejam elas novas ou antigas) soando eternamente atemporais. E Bruce Springsteen é a personificação exata disso tudo. E quem sai ganhando com isso somos nós, os fãs, que somos presenteados com mais um de seus atestados de genialidade. Wrecking Ball talvez não esteja no nível dos clássicos, é verdade, mas já é um dos melhores disco do ano com sobras. E nem ouse duvidar disso...

NOTA: 9

Matheus Henrique

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Vivendo Do Ócio - O Pensamento É Um Imã (2012)


Há certas bandas dentro do meio 'roqueiro', mais especificamente o nacional, que por mais que tenham suas qualidades, pecam pela falta de originalidade e também pela pouca maturidade nas letras (afinal, falar de temas adolescentes, salvo exceções, têm o seu prazo de validade). E esse é justamente o caso dos baianos do Vivendo Do Ócio, que chegam ao seu segundo álbum de estúdio, O Pensamento É Um Imã, buscando fugir dos clichês citados no início do texto, ainda que de uma maneira bastante tímida.

As influências são quase as mesmas do debut, com músicas calcadas entre o punk rock clássico e o indie rock da última década. Mas algumas faixas conseguem se diferenciar, mostrando novas e interessantes direções para as canções do quarteto. "Dois Rios" é a música que Marcelo Camelo teria composto se tivesse tentando fazer algo na linha de "Balada Do Amor Inabalável", do Skank (ouça e comprove), e "O Mais Clichê" aposta no regionalismo para convencer o ouvinte, e de certa forma consegue. Infelizmente, o mesmo não se pode dizer da fraca balada "Nostalgia", com a participação do Agridoce (Pitty e Martin) e que soa um tanto forçada.

Entre os rocks, vale citar as boas "O Mundo É Um Parque", com um riff que remete ao Arctic Monkeys de Favourite Worst Nightmare, e "Por Um Punhado De Reais", com sua letra inspirada no filme "Per Un Pugno Di Dollari" (1964), além das regulares "Radioatividade", com sua sonoridade beirando o pop rock, e "Eu Gastei", faixa com duração menor do que dois minutos que encerra o play, que se não são músicas espetaculares, também não comprometem de forma significativa o resultado final.

De resto, o que se têm por aqui são canções pouco inspiradas, onde predomina aquela imaturidade chata que já prejudicava o primeiro álbum (Nem Sempre Tão Normal, de 2009). As fracas "Bomba Relógio" e "Silas", apesar de algumas boas ideias aqui e ali, são extremamente pueris e dispensáveis, do tipo que só devem agradar aos mais neófitos entre os roqueiros. Isso sem falar nas ridículas "Tudo Que Eu Quero" e "Preciso Me Recuperar", que são risíveis de tão manjadas (até os nomes são péssimos). É também nessas que se evidenciam outro grande problema do grupo: os vocais 'meia-boca' do também guitarrista Jajá Cardoso.

O Vivendo Do Ócio é o tipo de banda honesta e com boas intenções. Mas isso no final das contas não vale porcaria nenhuma se as composições não sustentam a imagem do grupo. O Pensamento É Um Imã tem seus bons momentos, claro, mas ainda falta muito para os baianos. Amadurecer é preciso. Não custa nada esperar um pouco também, afinal esse é apenas o segundo álbum de estúdio do grupo, e eles ainda podem melhorar. Mas é bom que eles não demorem, ou do contrário acabarão logo esquecidos como muitos outros.

NOTA: 4,5

Matheus Henrique

Orange Goblin - A Eulogy For The Damned (2012)


Depois de cinco do anos do lançamento do bom Healing Through Fire (2007), o Orange Goblin retorna aos holofotes com seu mais novo álbum chegando as lojas do mundo todo, o há muito aguardado A Eulogy For The Damned. Praticando praticamente o mesmo stoner rock dos discos anteriores, além de influencias latentes do metal tradicional e até mesmo de hard rock em alguns momentos, a banda acerta a mão mais uma vez e mostra que está em um ótimo momento na carreia.

Tecnicamente, todos conseguem convencer perfeitamente, com a cozinha fornada por Martyn Millard (baixo) e Christopher Turner (bateria) se apresentando coesa, dando a sustentação para perfeita para as guitarras de Joe Hoare. Além, é claro, dos já característicos (ao menos para quem já é familiarizado com o grupo) vocais de Ben Ward, que continuam muito bons.

Faixas como "Death Of Aquarius", "Bishop's Wolf" e o single "Red Tide Rising" são da mais alta qualidade, e mostram o poder de fogo do quarteto no seu limite. Também vale citar como destaque as cadenciadas "Acid Trail" e "Stand For Something", que contém os melhores riffs do trabalho, a pegajosa (e ótima) "Save Me From Myself", e a boa "The Filthy And The Few", que com sua estrutura altamente derivada do punk rock, consegue se diferenciar positivamente das demais.

Mas os pontos mais altos do track-list são mesmo as poderosas "The Fog" e "A Eulogy From The Damned", que unem heavy metal, stoner e rock progressivo na medida certa, e transmitem o ouvinte direto para meados da década de 70. Por fim, há também a curta "Return To Mars", que ao contrário das anteriores, que primam pela elevada duração como atrativo (6:46 e 7:17, respectivamente), não precisa de mais de dois minutos para deixar (muito bem) o seu recado.

Em seu sétimo álbum de estúdio, o Orange Goblin não dá margens para decepções, trazendo boas canções em profusão e mostrando estar pronto para crescer ainda mais na carreira. Quem ainda não ouviu esse disco, que periga ser o melhor da discografia dos ingleses, definitivamente não sabe o que está perdendo.

NOTA: 8,5

Matheus Henrique

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

El Caco - Hatred, Love & Diagrams (2012)


Lançado no início do ano pela gravadora Indie Recordings, Hatred, Love & Diagrams é o sexto trabalho de estúdio dos noruegueses do El Caco. A diferença básica desse para os registros anteriores é que agora o grupo começa a ultrapassar os limites de seu país de origem, buscando atingir outros mercados ao redor do mundo com sua música. E a julgar pelo material presente nesse disco, eles não devem demorar muito para alcançarem seus objetivos.

Com guitarras hipnotizantes e poderosas tomando a linha de frente em vários momentos, além de uma combinação perfeita entre o baixo e a bateria em todas as canções, temos um álbum da mais alta qualidade, amparado por um repertório coeso e sem pontos fracos, e além de tudo bem produzido, pois todos os elementos sonoros são aplicados na medida certa, sem exageros que poderiam comprometer o resultado final.

O trio mostra mais uma vez ser uma banda difícil de rotular, com influências que vão desde o hard rock setentista, passando por pós-punk, stoner, prog, e até mesmo o rock alternativo. Semelhanças com nomes como o Tool e o Mastodon podem ser citadas facilmente, mas ao mesmo tempo conseguimos encontrar uma identidade própria dentro do track-list, o que os isenta de qualquer tipo de citações pejorativas.

Escolher destaques entre as dez músicas do disco é algo difícil, pois todas tem suas qualidades próprias e devem ser apreciadas individualmente. Mas não há como ficar imune a abertura sensacional com "After I'm Gone", o ótimo primeiro single "Hatred", que tem tudo para conquistar novos fãs para o grupo, e faixas viajantes e ao mesmo tempo grudentas como "Equivalence", "Confessions" e "She Said", em especial a última, que contém o melhor refrão entre todas as outras.

O El Caco mostra um talento incomum em Hatred, Love & Diagrams, e logo isso deve começar a ser reconhecido pela maioria. Se você ainda não tomou conhecimento dessa ótima banda escandinava, e por consequência desse grande álbum, é melhor corrigir isso logo. Candidato a melhor disco de 2012 facilmente (isso para dizer o mínimo).

NOTA: 9,5

Matheus Henrique

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

In Rock: Hard rock na sua mais pura essência


Por mais que muitos possam até questionar essa afirmação, é fato que o Deep Purple teve muito pouca, pra não dizer nenhuma relevância no final da década de 60. Não que seus três primeiros discos de estúdio (Shades Of Deep Purple, The Book Of Taliesyn e Deep Purple) fossem exatamente ruins, mas não há como negar que em meio a uma época onde vários trabalhos emblemáticos eram lançados massivamente, eles nunca mereceram maiores atenções. Mas esse panorama estava prestes a mudar definitivamente em 1970.

Insatisfeitos com a sonoridade praticada pela banda naquele momento, Ritchie Blackmore (guitarrista) e Jon Lord (tecladista) sabiam que era necessário uma mudança de direcionamento, em especial o primeiro, que queria mais do que nunca trazer mais peso e agressividade as composições, como o Led Zeppelin já vinha fazendo com sucesso naquele mesmo ano (1969). Para isso, dispensaram logo Rod Evans (vocalista) e Nick Simper (baixista), que não eram bons o suficiente para assumir a bronca perante a nova proposta, e ao lado do baterista Ian Paice, saíram a procura de dois novos membros para o grupo.

Depois da tentativa frustada de trazer o jovem promissor Terry Reid para liderar o microfone, que preferiu arriscar na sua carreia solo, o trio encontrou na banda underground Episode Six a pessoa mais do que certa para assumir o posto, e também alguém perfeito em meio as novas pretensões futuras: o ainda desconhecido Ian Gillan, que de quebra trouxe consigo o baixista Roger Glover. Pode-se dizer que eles mataram dois coelhos com uma cajadada só com sobras.

A estreia em disco dessa formação (conhecida como MK II) foi, na verdade, o ao vivo Concerto For Group And Orchestra, que como o próprio nome diz, foi gravado junto a Orquestra Filarmônica de Londres. Mas toda essa experiência era mais um projeto solo de Jon Lord junto dos outros do que algo que todos desejavam e queriam. Apenas em junho de 1970 seria lançado o registro que mostrava tudo que os cinco tinham a oferecer como a banda. E que registro...

In Rock é um álbum clássico em todos os sentidos. Tudo que tornaria o grupo famoso ao redor do mundo dois anos depois, com o platinado Machine Head, já está mais do que presente por aqui. Os 'duelos' inspirados entre a guitarra de Blackmore e o teclado de Lord ditam o ritmo na maior parte do tempo, mas também não há como deixar de mencionar os vocais extraordinários de Gillan, o baixo diferenciado de Glover, e o desempenho magistral do mestre Ian Paice nas peles.

No repertório, o único ponto fraco é o fato do mesmo ser um tanto curto (apenas sete músicas). Mas fica quase impossível levar isso em conta quando nos deparamos com canções do quilate da pesadíssima "Speed King", que abre os trabalhos da maneira mais poderosa possível, além das hard rockers "Bloodsucker" e "Into The Fire", com seus riffs praticamente hipnóticos, a veloz "Flight Of The Rat", a quase 'tranquila' "Living Wreck", e a épica "Child In Time", com seus mais de dez minutos de duração. Mas o maior destaque é sem dúvidas a indescritível "Hard Lovin' Man", uma das melhores faixas de encerramento de todos os tempos disparada.

O resto da história do Deep Purple nos anos seguintes todos já sabem de cor, portanto nem vale gastar linhas para explicá-la. Mas foi em In Rock que tudo isso teve realmente início, nesse que é um dos discos mais influentes dentro do rock desde a década de 70. Dizer que é essencial para qualquer amante de boa música é desnecessário.

01 - Speed King
02 - Bloodsucker
03 - Child In Time
04 - Flight Of The Rat
05 - Into The Fire
06 - Living Wreck
07 - Hard Lovin' Man

Ian Gillan (vocal)
Ritchie Blackmore (guitarra)
Roger Glover (baixo)
Jon Lord (teclado)
Ian Paice (bateria)


Matheus Henrique

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Ape Machine - War To Head (2012)


É complicado dizer logo agora, ainda no começo de 2012, que certo disco já pode ser considerado um dos melhores do ano dentro do mercado musical. Mas ás vezes o trabalho é tão diferenciado, que vale a pena arriscar fazer essa afirmação, por mais errado que isso possa parecer. E esse é justamente o caso do segundo disco do Ape Machine, o fantástico War To Head.

Pra começar, as influências da sonoridade aqui presente são evidentes, e em certos casos até mesmo obvias como o Blue Öyster Cult, o Deep Purple (tanto que o grupo fez uma versão de “Black Night” para o registro), e principalmente o Black Sabbath. Mas se você pensa que isso torna a banda um mero pastiche de qualquer um dos grupos citados, esqueça. O repertório é da mais alta qualidade, e consegue ter uma força própria que vem se tornando cada vez mais rara nos dias de hoje dentro do hard rock.

Qualquer amante de boa música irá se deliciar com pérolas como a faixa de abertura “Hold Your Tongue", a viajante "Can’t Cure Deceit”, onde o vocalista Caleb Heinze chega a lembrar Ozzy Osbourne em certas passagens, e as não menos que ótimas “Death Of The Captain” e “What’s Up Stanley?”. Isso para não falar da espetacular “The Sun”, a melhor do track-list facilmente.

Não é difícil constatar que o Ape Machine já pode ser considerado como um dos maiores nomes do estilo ao redor do mundo, apesar de estarem mais restritos ao underground por enquanto. Mas não será nenhuma surpresa se esse panorama logo mudar. Se você é fã do (bom) rock setentista, esse álbum é totalmente recomendado.

NOTA: 9,5

Matheus Henrique

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Van Halen - A Different Kind Of Truth (2012)


Poucos álbuns foram tão aguardados nos últimos tempos quanto o mais novo lançamento do Van Halen, o primeiro com o vocalista David Lee Roth desde o clássico 1984. E depois de apenas uma simples audição de A Different Kind Of Truth, fica fácil afirmar o que já era esperado (ao menos para quem sabe do poder de fogo do grupo quando se trata de hard rock da melhor qualidade): Um dos grandes registros do ano.

É impressionante como toda a banda está afiadíssima em suas respectivas funções. Falar dos irmãos Eddie (guitarrista) e Alex Van Halen (baterista) é chover no molhado, já que se tratam de duas lendas dos instrumentos em questão. O velho Roth retorna em grande estilo ao microfone, mostrando que a idade avançada felizmente não afetou a sua voz de maneira significativa. E o novato da vez, o baixista Wolfgang Van Halen (filho do guitarrista), não nos deixa em nenhum momento sentir falta de Michael Anthony, agora no Chickenfoot.

O primeiro single do trabalho, e também faixa de abertura do mesmo, a hard-pop "Tattoo", chegou a decepcionar alguns dos fãs mais devotos do quarteto, e de fato não se trata de uma composição que mereça maiores atenções, já que é apenas mediana. Mas não se preocupe quanto ao resto do track-list, pois o que se encontra por aqui é o velho hard rock festeiro e bem feito sempre praticado pela banda.

Destacar algo do repertório é uma tarefa complicada, mas ao mesmo tempo é impossível não citar a fantástica 'She's The Woman", com sua base datada de uma demo perdida de 1976 e que apresenta um suingue de causar inveja a qualquer um, além das roqueiras "Bullethead" e "Outta Space", as pegajosas "You And Your Blues" e "Big River", e as rápidas e cativantes "China Town e "As Is", sendo que em todas o destaque é obviamente o mestre Eddie Van Halen, com riffs e solos que comprovam mais uma vez o porquê desse ser um dos grandes nomes da guitarra de todos os tempos.

A Different Kind Of Truth deveria servir de exemplo para outros grupos veteranos do estilo, pois mostra como qualquer um deve envelhecer da maneira mais digna possível: Praticando praticamente o mesmo som dos tempos áureos, mas sem soar datado ou até mesmo preguiçoso. O Van Halen definitivamente está de volta, e mais poderoso do que nunca.

NOTA: 9

Matheus Henrique

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Lamb Of God - Resolution (2012)


Entre todas as bandas da chamada New Wave Of American Heavy Metal (NWOAHM), que tomou forma no mercado musical na década passada, o Lamb Of God sempre foi o nome de maior destaque. Discos como As The Palaces Burn (2003), Ashes Of The Wake (2004) e Sacrament (2006) obtiveram uma ótima aceitação tanto do público quanto da crítica, e catapultaram o grupo rumo a linha de frente de toda uma nova geração (exageros a parte).

Mas eis que eles começaram 2012 com a árdua missão de se manterem entre os grandes, após vários lançamentos acima da média que assolaram a cena em 2011. Será que Randy Blythe e companhia ainda  poderiam mais uma vez surpreender a todos e registrar algo a altura de seus milhares de concorrentes (se é que podemos chamá-los assim)? Resolution prova que a resposta para essa pergunta só pode ser positiva.

O que encontramos por aqui é um repertório poderoso, onde passagens de brilhantismo pipocam o tempo todo entre as canções. A sonoridade remete a gêneros consagrados como o thrash e o groove metal, como sempre se espera do grupo, mas passa longe de algo datado ou que tenta desesperadamente pertencer ao passado, e individualmente não há destaque individuais. Todos brilham na mesma medida em suas respectivas funções.

Músicas como "Ghost Walking", "Guilty" e "The Number Six" agradam logo na primeira audição, não deixando dúvidas quanto a qualidade diferencial da banda dentro da música pesada moderna. Também vale citar entre as melhores do play a pesadíssima "The Undertow", a grooveada e espetacular "To The End" (sem dúvidas a melhor de todas do track-list), a veloz "Cheated", com uma influência um tanto inesperada, porém decisiva, de hardcore, e as dobradinhas matadoras "Straight For The Sun/Desolation" e "Barbarosa/Invictus".

O fato do álbum ter atingido o terceiro lugar no Top 100 da Bilboard, algo ótimo para um grupo de metal ou qualquer coisa parecida atualmente, mostra que o Lamb Of God ainda atravessa ótimo momento, e que só podemos esperar trabalhos do mesmo nível ou até melhor no futuro. É bom continuarmos de olho neles...

NOTA: 9

Matheus Henrique

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Trivium - In Waves (2011)


O Trivium há anos vem se consolidando como uma das bandas mais importantes do metal moderno, ao lado de outros nomes de peso como o Lamb Of God e o Mastodon. E depois de botar no mercado no fim da década passada os ótimos The Crusade (2006) e Shogun (2008), eis que eles voltaram com tudo em 2011 com o lançamento do há muito aguardado In Waves.

Praticando uma sonoridade fortemente influenciada por bandas clássicas como Iron Maiden, Testament e principalmente o Metallica junto ao tradicional (e quase sempre mal-visto) metalcore norte-americano, o quarteto liderado pelo guitarrista/vocalista Matt Heafy se mostra em ótima fase em todos os aspectos, e conta agora também com o acréscimo do baterista Nick Augusto, que substitui (muito bem, por sinal) o membro fundador Travis Smith, que abandonou o barco ainda em 2010.

Temos aqui um repertório acima da média, onde não é difícil encontrar vários momentos em que podemos constatar que se trata de uma banda diferenciada dentro da cena atual. Os primeiros singles do registro, as pesadíssimas "In Waves" e "Built To Fall", essa última com um certo toque mais comercial que felizmente é positivo, mostram isso perfeitamente, e não deixam dúvidas quanto a tudo que foi dito anteriormente, além de explicitar as referências já citadas.

Mas não há como deixar de destacar outras boas canções como as diretas e repletas de peso "Inception of The End" e "Dusk Dismantled", a desconcertante "Caustic Are The Ties That Blind", que altera passagens mais agressivas com outras bastante melódicas da maneira mais sublime possível, e as espetaculares "Watch The World Burn" e "Black", que desde já figuram entre as melhores músicas da carreira do grupo.

Para quem ainda não consegue enxergar o valor de várias novas (e ótimas) bandas atuais dentro do heavy metal atual, esse disco é mais uma prova de que esse saudosismo não passa de uma grande besteira. O Trivum dá continuidade aos seus trabalhos anteriores sem demonstrar sinais de cansaço ou estagnação em seu som, lançando mais um grande álbum. Que continuem assim por muito tempo.

NOTA: 9

Matheus Henrique

domingo, 29 de janeiro de 2012

Graveyard - Hisingen Blues (2011)


O Graveyard é uma das melhores bandas de hard rock surgida nos últimos anos. E se os suecos já haviam impressionado a muitos com o debut auto-intitulado lançado em 2009, em Hisingen Blues eles se mostram ainda mais inspirados e prontos para conquistar ainda mais a adoração não só dos fãs mais tradicionais do estilo, mas de qualquer um que aprecie boa música independente de rótulos (e pré-conceitos).

As influências continuam as mesmas do álbum anterior, com uma sonoridade que remete diretamente a nomes como Led Zeppelin, Black Sabbath, e também o Free (o vocalista chega a lembrar o grande Paul Rodgers em vários momentos), além de retoques bem-vindos de blues e psicodelia. Mas se engana quem pensa que tudo aqui presente se trata de algum pastiche mal feito de algo que já foi feito antigamente. O repertório é extremamente coeso, e não há uma única canção que soa deslocada ou abaixo da média.

Desde a abertura com a poderosa "Ain't Fit To Live Here", até o encerramento com a não menos espetacular "The Siren" (sem exageros, uma das melhores músicas de 2011), a sensação que temos é que estamos de frente a um potencial gigante do estilo, tamanha a qualidade elevada do track-list. Para reforçar esse pensamento, basta ver a atuação individual de cada membro em sua respectiva função, em especial do habilidoso baterista Axel Sjöberg.

Também vale citar a viajante faixa-título, que transporta o ouvinte direto ao começo dos anos 70 em sua atmosfera cativante, a deliciosa mezzo-balada "Uncorfortably Numb", e as ótimas "No Good, Mr. Holden" e "Buying Truth (Tack & Förlat)", que são os principais destaques do registro, e praticamente resumem em seus poucos minutos toda a proposta da banda em sua essência.

Em uma época onde vários grupos parecem estar dando um sopro de renovação ao gênero, ainda que por meio de referências óbvias, como o ótimo Rival Sons, não é exagero dizer que o Graveyard é um dos maiores (senão o maior) expoentes dessa evolução, e Hisingen Blues um dos principais registros em disco disso. Indispensável.

NOTA: 8,5

Matheus Henrique

Chickenfoot - Chickenfoot III (2011)


Depois de uma boa, porém irregular, estreia auto-intitulada em 2009, o Chickenfoot finalmente mostra a que veio em Chickenfoot III (segundo álbum da banda, para os mais desavisados que podem se estranhar com o bem-humorado título) . O supergrupo formado por Sammy Hagar (vocais), Joe Satriani (guitarra), Michael Anthony (baixo) e Chad Smith (bateria) pratica por aqui um hard rock coeso e bem feito, apresentando composições inspiradas e que devem agradar em cheio aos fãs do estilo.

A energética "Last Temptation" já dá uma boa impressão logo de cara, e a festeira "Alright, Alright" vêm a seguir para aumentar ainda mais o nível do track-list, que até aqui só está na segunda música. Não há como não destacar os vocais de Hagar, que se mostra ainda em ótima fase apesar da idade, e o desempenho diferenciado de todos os outros componentes do grupo, que por mais que não precisem mais provar nada pra ninguém em questão de talento, ainda conseguem surpreender positivamente em todas as canções do play.

"Different Devil" e "Come Closer" são ambas quase baladas, em especial essa última, mas não soam apelativas ou melosas, e a qualidade felizmente permanece intacta. Por outro lado, as ótimas "Up Next" e "Big Foot" (primeiro single do registro) são repletas de suingue e passagens cativantes, e farão a alegria dos mais conservadores. O mesmo vale para a inspirada "Lighten Up" e a boa "Dubai Blues", que apesar do nome, mantém quase as mesmas características das anteriormente citadas.

Por fim, temos como as mais diferentes do disco a pesada "Three And A Half Letters", que soa um pouco estranha de primeira por apresentar alguns vocais quase falados de Sammy, mas que não demora para grudar na cabeça do ouvinte (o refrão é um dos melhores por aqui nesse quesito), e a semi-acústica faixa de encerramento "Something Going Wrong", com um violão muito bem encaixado em sua estrutura.

Deliciosamente descompromissado e roqueiro, Chickenfoot III é um dos melhores lançamentos de 2011, e a banda agora parece estar consolidando sua sonoridade, o que é bom para todos os envolvidos. As expectativas eram grande como 2009, e eles com certeza não decepcionaram ninguém dessa vez. Mas com uma formação fantástica dessas, fica difícil esperar qualquer outra coisa, não é mesmo? Discaço!

NOTA: 9

Matheus Henrique

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Beady Eye - Different Gear, Still Speeding (2011)



Depois do conturbado fim do Oasis em 2009, Liam Gallagher resolveu montar, junto com o que sobrou da banda (todos com exceção do guitarrista e seu irmão Noel Gallagher, por motivos mais do que óbvios), o Beady Eye, que em 2011 finalmente fez a sua estréia em disco com Different Gear, Still Speeding. E o resultado é deveras agradável.

Com um repertório calcado numa sonoridade explicitamente derivada de clássicos grupos ingleses dos anos 60, a banda não soa exatamente original, como se pode perceber logo na primeira escutada, mas consegue ainda assim reunir um punhado de boas canções em meio ao track-list,  seja quando tentam imitar os Beatles (“For Anyone”, “Three Ring Circus”), os Stones (“Millionare”, “The Roller”), o Who (“Standing On The Edge Of Noise”) ou até mesmo os Kinks (“The Beat Goes On”).

Também vale citar a poderosa faixa de abertura “Four Letter Word”, que apresenta um peso um tanto surpreendente em seu andamento, a despretensiosa “Bring The Light”, mais uma que parece ter saído direto da dupla Jagger/Richards, e as belíssimas baladas “Kill For A Dream” (a melhor de todas por aqui) e “The Morning Son”, duas que figuram com sobras como alguns dos principais destaques do play.

Muitos dirão que se trata de uma tentativa forçada de soar como qualquer uma das principais influências do grupo, e realmente nada do que está aqui presente será responsável por mudar os rumos do rock n’ roll daqui pra frente como esperam vários críticos por aí. Mas o que não falta em Different Gear, Still Speeding é, sem dúvidas, boa qualidade musical, algo que muitos grupinhos idolatrados por aí andam devendo há muito tempo. Ponto para Liam e sua turma, e que repitam o êxito em um próximo álbum.

NOTA: 8

Matheus Henrique