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sábado, 31 de dezembro de 2011

Machine Head - Unto The Locust (2011)


O Machine Head já havia se recuperado de suas tropeçadas do começo da década passada, quando chegaram a flertar sem sucesso com gêneros como o famigerado nu-metal, com os ótimos Through The Ashes Of Empires (2004) e The Blackening (2007), que mostraram uma banda renovada e com muita lenha para queimar. Com isso, as expectativas em torno do lançamento de mais um novo trabalho foram as melhores entre os fãs. E Unto The Locust, lançado em 2011 após longos quatro anos de espera, passou longe de corresponder às mesmas. Fez melhor que isso.

O que se vê por aqui é simplesmente o melhor disco de toda a carreira da banda, unindo de maneira perfeita peso, complexidade e até mesmo melodias marcantes vindo das poderosas guitarras de Robb Flynn (líder e principal compositor do grupo) e Phil Demmel. Isso sem falar da fantástica cozinha formada pelo baixista Adam Duce e pelo baterista Dave McClain. Não há duvidas de que se trata de um álbum realmente espetacular, e que não encontra prescedentes no metal atual.

A abertura com a poderosa "I Am Hell (Sonata In C#)", dividida em três partes, comprova isso. Com mais de oito minutos de duração, alterna entre momentos mais cadenciados e outros que apresentam uma velocidade avassaladora, além da agressividade característica. Na sequência, "Be Still And Know" apresenta um riff e uma estrutura mais melódica, com uma certa influência de metal tradicional junto ao thrash metal moderno praticado pelo grupo, e é com certeza um dos principais destaques do repertório, junto à terceira faixa, e também primeiro single do registro, "Locust", repleta de peso e criatividade.

"This Is The End" começa lenta, com sua introdução acústica, e logo explode em guitarras. Tudo bem que isso já é algo bem clichê dentro do heavy metal em geral há muito tempo, mas aqui esse recurso funciona muito bem do mesmo jeito. Vale citar também os vocais mais 'limpos' de Flynn no refrão, que só reforçam ainda mais a qualidade da faixa. Já "Darkness Whitin'" é um caso a parte. É a típica canção pesada, mas com grande potencial para emplacar nas rádios, com um refrão extremamente cativante, e que gruda na cabeça logo na primeira escutada. Perfeição é algo que passa a ser cogitado à essa altura...

Chegando ao final, a boa "Pearls Before The Swine" não deixa o ouvinte respirar em nenhum segundo, em meio à várias mudanças de andamento e guitarras de impressionar qualquer um. E o encerramento fica por conta da épica "Who We Are", que com seus mais de sete minutos fecha o disco da melhor maneira possível: deixando a sensação que ele deve ser escutado de novo, e várias vezes.

Aliás, algo também notável é o fato de que, por mais longas que todas as faixas aqui presentes sejam (a mais curta passa dos cinco minutos de duração), em nenhum momento elas soam cansativas ou monótonas, pelo contrário. Todas são perfeitamente coesas e sem partes feitas apenas para preencher espaço. Essas mesmas características são encontradas em álbuns clássicos do estilo como Master Of Puppets, do Metallica, e Rust In Peace, do Megadeth, ou seja, por aí já dá para se ter uma ideia da magnitude desse disco.

Por incrível que pareça, ainda há alguns fanáticos que teimam em admitir que existem ótimos trabalhos dentro do cenário metálico, tendo olhos apenas para os velhos dinossauros ou outros grupos enfadonhos que não trazem nada de novo ao estilo. Pobres coitados. Unto The Locust é disparado o grande álbum de 2011. Se você o ver num futuro próximo em listas de melhores da década, ou até mais que isso, não se surpreenda.

Nota: 10

Matheus Henrique

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Led Zeppelin II: Nascia o mais novo gigante


Jimmy Page já era um nome tarimbado na cena roqueira no fim da década de 60, tendo sido um renomado músico de estúdio e também membro da última ercarnação do lendário Yardbirds. Mas com o fim da já citada banda no começo de 68, resolveu seguir em frente e montar o seu próprio grupo, ideia que já permeava em sua cabeça há um tempo, mas que só agora seria posta em prática.

Junto do baixista Chris Deja, começou a formar o que seria os The New Yardbirds, uma óbvia continuação do antigo grupo. Depois de algumas propostas para vocalistas, incluindo nomes como Steve Marriot e Terry Reid, encontraram o jovem Robert Plant, que trouxe consigo o também promissor baterista John Bonhman, e quando Deja deixou a empreitada para seguir carreira de fotógrafo, John Paul Jones, outro velho conhecido, assumiu o baixo. Estava formada a que seria uma das maiores bandas de rock de todos os tempos.

Após bons primeiros ensaios e concertos, gravaram o primeiro álbum no mesmo ano, e resolveram mudar o nome do grupo para Led Zeppelin, que fora derivado de uma antiga discussão com os baixista e baterista do Who na época, respectivamente, John Entwistle e Keith Moon. Com uma boa repercussão do debut auto-intitulado, logo um segundo disco estava planejado, e como as turnês eram praticamente ininterruptas naquele começo, resolveram registrar o mais novo repertório entre intervalos da estrada mesmo. E o próprio redefiniria para sempre o mundo da música após seu lançamento.

Chamado simplesmente de Led Zeppelin II, o trabalho apresenta várias características que seriam religiosamente copiadas por várias bandas de hard rock nas décadas seguintes. As guitarras agressivas de Page, os vocais agudos de Plant, e a potente cozinha de Jones e Bonhman já estavam presentes no primeiro álbum, mas aqui realmente se consolidaram como algo único e inovador. Tudo aqui está perfeitamente consiliado, e formam uma unidade sonora poucas vezes vista antes dentro do rock n' roll, e mesmo depois de muitos anos ainda impressiona qualquer ouvinte.

A clássica "Whole Lotta Love" abre o track-list de maneira intimidadora, com um senhor riff  que logo chama a atenção e altas doses de uma psicodelia ainda reinante na época. Não à toa se tornou um hit imediato. Essa canção mais tarde daria problemas para a banda, graças às suas semelhanças com "You Need Love", de Willie Dixon, que processou o Zeppelin por plágio e acabou vencendo no final. Hoje em dia, o mesmo é creditado na composição.

Na sequência, a bela "What Is And What Should Never Be" demonstra uma atmosfera mais intimista, com algumas passagens acústicas e uma interpretação em certos momentos mais 'delicada' de Plant. Mas é justamente isso, junto ao seu refrão grudento na medida certa, que a torna um dos grandes destaques por aqui. "The Lemon Song" é um blues-rock que destaca a guitarra de Page, sendo totalmente inspirada (para não dizer outra coisa)  em "Killing Floor", de Howlin' Wolf, e "Thank You" é certamente a melhor balada já composta pelo grupo, fechando o lado A deixando a deliciosa sensação de que o melhor, porém, ainda está por vir.

Mais um riff espetacular abre a não menos impressionante "Heartbreaker", com uma atuação inspirada de todos os integrantes e que se tornou mais um clássico no repertório durante os concertos na década seguinte. Em seguida, temos a música mais subestimada da carreira do Zeppelin: "Living Loving Maid (She's Just A Woman)" é um rock bastante simples, mas que conquista rapidamente com sua levada contagiosa e magnífica. Não dá pra entender como é pouco lembrada até hoje. De certa forma, o mesmo vale para "Ramble On", que alterna entre momentos mais calmos e outros repletos de peso, com destaque para o baixo do grande John Paul Jones, que aqui atinge seu ápice individual.

A instrumental "Moby Dick" comprova a excelência de Bonhman em um solo de bateria endiabrado, e abre caminho para o apoteótico encerramento com "Bring It On Home". A canção, um velho blues tradicional complementado pela dupla Page/Plant, é sem dúvidas o ponto alto de todo o registro, e não deixa dúvidas quanto à sua qualidade. Nunca mais a banda soaria como soou nessa esplendorosa faixa.

O resto da história todos sabem: Led Zeppelin II desbancou o platinado Abbey Road, dos Beatles, do topo das paradas, e consolidou o grupo como a maior força do rock n' roll inglês naquele momento. Quando se ouve o que está aqui presente, percebe-se que não foi por acaso. Um dos melhores discos de todos os tempos, que serviu como uma verdadeira bíblia para as futuras bandas de hard rock que surgiriam nos anos 70. Se você ainda não compreendeu o porquê de toda a aura por trás de Page e companhia que permanece até hoje, simplesmente ouça esse que é o melhor entre todos da não menos ótima discografia 'zeppeliniana'.

01 - Whole Lotta Love
02 - What Is And What Should Never Be
03 - The Lemon Song
04 - Thank You
05 - Heartbreaker
06 - Living Loving Maid (She's Just A Woman)
07 - Ramble On
08 - Moby Dick
09 - Bring It On Home

Robert Plant (voz, gaita)
Jimmy Page (guitarra, violão, theremin, backing vocals)
John Paul Jones (baixo, teclado, backing vocals)
John Bonhman (bateria, percussão, backing vocals)


Matheus Henrique

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Sad Wings Of Destiny: O marco-zero do heavy metal


A velha discussão sobre quem teria inventado o heavy metal já rendeu várias teorias e inúmeras bandas já foram citadas como tal. Entre elas, estão nomes como o obscuro Blue Cheer e seu álbum Vincebus Eruptum, o Jeff Beck Group, que contava com nomes como Rod Stewart e Ronnie Wood em sua primeira formação, além do lendário guitarrista, e o eterno trio de ferro da música pesada, os fantásticos Led Zeppelin, Deep Purple e Black Sabbath (esse último, o mais aceito pela maioria como pioneiros no estilo).

Obviamente todos tiveram seus méritos e importâncias inegáveis, mas na verdade todos ainda faziam, essencialmente, hard rock, o que era agressivo de certo modo, mas era apenas um embrião do que estava por vir nos anos seguintes. E se têm algum grupo que represente essa mudança da maneira mais concreta possível, esse é, definitivamente, o Judas Priest.

Na segunda metade da década de 70, não havia nada que fosse comparado ao que a trupe comandada por Rob Halford estava fazendo musicalmente em seus discos. Isso sem falar na fenomenal dupla de guitarristas Glen Tipton e KK Downing, que elevaram o significado das 'guitarras-gêmeas' a patamares nunca antes alcançados. E Sad Wings Of Destiny, lançado em 1976 pela antiga gravadora Gull Records e segundo disco oficial de estúdio da discografia da banda, marca o início disso tudo.

Ainda que já tivessem lançado dois anos antes o debut Rocka Rolla, o mesmo ainda apresentava as mesmas características dos citados no início do texto, além da qualidade claramente duvidosa graças à fraca produção. Em Sad Wings, porém, tudo é diferente. Podemos ver a banda absorvendo toda a influência dos grupos seminais do estilo, além de uma veia progressiva bastante comum em meados da década de 70, e ao mesmo tempo criando uma sonoridade própria e que não encontrava nada paralelo na época. Nem mesmo o bastante influente Rainbow, do ex-Purple Ritchie Blackmore e do finado Ronnie James Dio, com seu clássico álbum Rising lançado também em 76, chegava perto da atmosfera aqui atingida.

A curta introdução "Prelude" abre caminho para a inovadora "Tyrant", que com a linha de baixo mais marcante do velho Ian Hill, seu riff poderoso e arrasa-quarteirão, e os agudos impressionantes de Halford (o vocalista mais influente da história do metal) se sobressaindo nos alto-falantes, mostra-se algo totalmente à frente de seu tempo. A seguir, "Genocide" se aproxima mais do hard rock já citado anteriormente, mas com guitarras um tanto incomuns para o gênero.

"Epitaph" é a mais deslocada de todas do track-list, contendo apenas o piano (muito bem) tocado por Tipton e os vocais bem diferentes dos habituais de Rob, aqui mais graves e intimistas. Mas se engana quem pensa que essa faixa é um ponto negativo do registro. Após um breve 'descanso' para o ouvinte, o peso retoma forte em "Island Of Domination", que fecha a primeira parte do LP mantendo a qualidade intacta por aqui.

Abrindo o lado B, temos logo dois clássicos absolutos da banda, que seriam tocados em quase todos os seus shows ao longo dos anos. A épica "Victims Of Changes" data da época em que o desconhecido Al Atkins ainda cantava no grupo (o mesmo inclusive é creditado na composição), e apresenta guitarras impressionates em seus mais de sete minutos de duração. Vale citar também sua letra bastante reflexiva e que foge dos temas comuns do metal. E "The Ripper" nem merece maiores comentários, basta ouví-la e conferir mais uma canção desse trabalho cuja sua estrutura seria copiada através de gerações nas décadas seguintes.

Fechando o disco, "Dreamer Deceiver" e "Deceiver" são praticamente duas partes de uma mesma canção, que aqui obviamente aparece dividida. Na primeira, temos quase que uma balada, começando bem lenta e que vai aos poucos crescendo conforme a bateria e o baixo se fazem presentes juntos às guitarras tradicionais de Downing e Tipton. Já a última, com seu andamento mais veloz e repleto de agressividade, serve como um contraponto bem encaixado à faixa que a antecede (teoricamente), e os belíssimos violões hipnotizantes em seu apoteótico encerramento dão a sensação de um digno 'gran finale' à uma das obras mais fundamentais da história do rock n' roll.

Por mais que o próprio Judas depois fosse se superar em termos de qualidade nos sucessores Sin After Sin e Stained Class, além de atingir seu ápice em termos comerciais com os multiplatinados British Steel e Screaming For Vengeance na década seguinte, foi em Sad Wings Of Destiny que eles realmente cravaram seu nome dentro da cena para sempre. Se você quer saber de onde vieram todos os elementos que seriam aprimorados ainda mais na famosa NWOBHM (New Wave Of British Heavy Metal, para quem não conhece), responsável por revelar ao mundo grupos como Iron Maiden, Saxon, Angel Witch, Def Leppard e Diamond Head, é simplesmente indispensável a audição desse maravilhoso disco.

01 - Prelude
02 - Tyrant
03 - Genocide
04 - Epitaph
05 - Island Of Domination
06 - Victims Of Changes
07 - The Ripper
08 - Dreamer Deceiver
09 - Deceiver

Rob Halford (voz)
Glen Tipton (guitarra, piano)
KK Downing (guitarra)
Ian Hill (baixo)
Alan Moore (bateria)

Ps: Na versão em CD, os lados A e B, que começam, respectivamente, por "Tyrant" e "Victims Of Changes", foram invertidos.


Matheus Henrique

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

R.E.M. - Collapse Into Now (2011)


O R.E.M., um dos maiores nomes da história do rock alternativo, anunciou o encerramento de suas atividades em 2011, pegando seus fãs totalmente de surpresa depois de 30 anos de estrada. E mesmo que de maneira involuntária, Collapse Into Now serviu como a despedida em forma de disco do grupo. Lançado no início do ano, o álbum contém canções que passeiam por todos os terrenos que a banda já percorreu desde sua formação em 1980. E não faz feio.

A faixa de abertura "Discoverer" apresenta a lendária Patti Smith participando dos vocais, e poderia facilmente fazer parte de discos como Document e Green, tamanha sua qualidade. A mais roqueira "All The Best" e a semi-balada "Überlin" mantém o bom nível do registro, assim como a bela "Oh My Heart", que logo deve estar entre as favoritas dos mais fanáticos. Já "It Happened Today" têm o líder do Pearl Jam Eddie Vedder cantando ao lado de Michael Stipe, e é um dos principais destaques por aqui.

A quase messiânica "Every Day Is Yours To Win" é competente, mas acaba não acrescentando muita coisa, ao contrário da ótima "Mine Smells Like Honey", outra que remete á fase oitentista do grupo. "Walk It Back" segue mais ou menos a linha da já citada "Überlin", dessa vez com um teclado extremamente bem encaixado em seu arranjo (cortesia de Mike Mills), e "Alligator_Aviator_Autopilot_Antimatter" conta com o auxílio de Peaches no microfone, o que apenas reforça sua atmosfera cativante.

Chegando ao fim, a curta "That Someone Is You", com sua sonoridade que chega a lembrar clássicas bandas punks como Buzzcocks e Undertones, abre caminho para a delicada "Me, Marlon Brando, Marlon Brando And I", onde Peter Buck consegue seu melhor momento em meio ao repertório, e "Blue", mais comprida entre todas do play, beirando os seis minutos de duração, contendo nova participação de Patti Smith e o refrão de "Discoverer" repetido em seu final.

Collapse Into Now é um ótimo trabalho, e provavelmente o que de melhor o R.E.M. fez depois de New Adventures In Hi-Fi, de 1996. Eles sem dúvida terminaram suas carreiras, ao menos como uma banda, totalmente por cima e relevantes. Um belo presente de despedida aos fãs.

Nota: 8

Matheus Henrique

Sepultura - Kairos (2011)


Por mais que muitos continuem não aceitando o fato do Sepultura continuar sem a presença de seus dois membros fundadores (os irmãos Max e Iggor Cavalera), a banda inegavelmente vêm retomando a boa qualidade em seus trabalhos mais recentes. E se A-Lex, lançado em 2008, já demonstrava isso de maneira objetiva, Kairos serve como uma concretização dessa evolução nas composições.

Todos aqui demonstram suas maiores qualidades em seus instrumentos, com Andreas Kisser despejando riffs marcantes na guitarra, Derrick Green cada vez mais seguro nos vocais, e Paulo Jr. e Jean Dolabella (agora ex-baterista do grupo) extremamente competentes em suas respectivas funções. O repertório, por sua vez, é coeso e apresenta uma inspiração há muito não vista em se tratando da banda.

Não há como não citar como ponto positivo a trinca de abertura "Spectrum", "Kairos" e "Relentless", que basicamente resumem tudo que já foi dito no início do texto. A boa cover de "Just One Fix", do Ministry, também merece um destaque em meio às outras, enquanto as pesadíssimas "Dialog", "Mask", "Seethe" e "Born Strong" devem estar entre as favoritas dos fãs (ao menos dos que conseguem 'aceitar' essa formação).

Mas é no final do track-list que se encontra as melhores canções aqui presentes. "Embrace The Storm" apresenta o melhor trabalho de Andreas em todo o play, e "No One Will Stand" também convence com sua influência extremamente bem-vinda de hardcore. Como encerramento, temos a ótima "Structure Violence (Azzes)", que remete aos clássicos Chaos AD e Roots em sua estrutura, e contém a participação especial dos franceses do Les Tambours De Bronx nas percussões.

A maior banda brasileira de todos os tempos ainda se mostra relevante, e Kairos é sem dúvidas um dos melhores álbuns de metal lançados em 2011, que só não irá agradar aos que insistem em só ter olhos para o passado.

Nota: 8

Matheus Henrique

Coldplay - Mylo Xyloto (2011)


É fato que o Coldplay é uma das bandas que as pessoas hoje em dia mais amam odiar. E é claro que algumas posturas de seu vocalista Chris Martin beiram o ridículo, e a sonoridade do grupo ás vezes acaba sendo 'afetadinha' (ou 'coxinha', como preferem dizer) demais. Mas também é inegável que seus álbuns (com exceção do mediano X&Y, de 2005) sempre tiveram uma boa qualidade indiscutível. E o novo Mylo Xyloto, lançado em setembro desse ano, não foge disso citado acima.

Em meio a dificílima tarefa de dar sequência ao ótimo Viva La Vida Or Death And All His Friends, de 2008, vemos a banda, de certa forma, tentando explorar algumas novas sonoridades, o que já era algo visto em seu antecessor, mas que aqui atinge patamares um pouco maiores. Depois da curta faixa-título, que é apenas uma simples introdução, damos de cara com a boa "Hurts Like Heaven", que demonstra uma 'velocidade' (se é que dá pra dizer isso) um tanto incomum em comparação às antigas músicas do grupo. Em seguida, "Paradise" e "Charlie Brown" mantém o repertório em um nível elevado, o mesmo valendo para a balada "Us Against The World".

Após a pequena vinheta "M.M.I.X.", temos o primeiro single do disco, a electro-rock "Every Teardrop Is A Waterfall", onde a influência do U2 'fase The Joshua Tree' fica mais evidente do que nunca. Mas o resultado é positivo, com a melhor atuação de Jon Buckland (guitarrista) em todo o CD. Já a agradável "Mijor Minus" vai ainda mais fundo nas referências eletrônicas, enquanto "U.F.O." é uma das melhores baladas já feitas pela banda.

Na parte final do track-list, encontram-se a razoável "Up In Flames", outra bastante 'experimental' e as interessantes "Don't Let It Break Your Heart" (precedida pela vinheta "A Hopeful Transmission") e "Up With The Birds", que encerram o álbum de maneira digna. Como ponto fraco, vale citar a patética "Princess Of China", com a participação da (péssima) cantora pop Rihana e que infelizmente destoa de todas as outras faixas aqui presntes. Bem que podiam ter passado sem essa...

Mas tropeçadas a parte, Mylo Xyloto é um bom disco, é deve agradar os fãs sem maiores dificuldades. Chris Martin e companhia conseguiram se manter como uma das bandas mais relevantes dos últimos tempos, e qualquer tentativa de negar isso é pura birrinha de ouvinte preconceituoso. Ouça o álbum, e não se deixe levar por julgamentos pré-determinados.

Nota: 8

Matheus Henrique

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Noel Gallagher - Noel Gallagher's High Flying Birds (2011)


Noel Gallagher sempre foi o gênio por trás do Oasis. E desde o fim da banda, motivado pelas intermináveis desavenças com seu irmão e vocalista Liam Gallagher, ainda não havia mostrado ao mundo o que ainda poderia fazer em termos musicais, agora dentro de sua carreira solo. Eis que no final de 2011, ele aparece com Noel Gallagher's High Flying Birds, sua estréia fora do antigo grupo, recheado de grandes expectativas. E elas, felizmente, foram atendidas.

O que se vê nesse disco são algumas das melhores composições de Noel em muito tempo, dotadas de arranjos caprichados que acrescetam ainda mais a qualidade impecável contida no repertório. Músicas como a faixa de abertura "Everybody's On The Run" e a belíssima "If I Had A Gun..." conquistam o ouvinte logo na primeira audição, e são hits em potencial. O primeiro single do registro, "The Death Of You And Me", também consegue um destaque a parte por aqui.

Não há como deixar de citar também a reflexiva "Soldier Boys And Jesus Freaks", com sua sonoridade deliciosamente sessentista (algo bastante notável em todo o play, por sinal), a ótima e predominantemente acústica "(I Wanna Live In  Dream In My) Record Machine", e a quase dançante "AKA...What A Life!", que é a que mais se aproxima de algo 'diferente' no track-list. O encerramento fica por conta das não menos boas "(Stranded On) The Wrong Beach' e "Stop The Clocks".

Em meio a sua aura mais refinida do que a encontrada no disco de estreia do Beady Eye (banda dos outros ex-Oasis, incluindo Liam), que apresenta algo mais urgente e direto, Noel Gallagher's High Flying Birds é com certeza um dos melhores álbuns de 2011, e desde já candidato a clássico.

Nota: 10

Matheus Henrique

Alice Cooper - Welcome 2 My Nightmare (2011)


Tentar dar sequência a um álbum conceitual é uma ideia sempre arriscada, haja visto o fracasso de algumas aventuras do tipo nos últimos tempos (Queensrÿche, Helloween). Mas Alice Cooper preferiu correr esse risco, e lançou em 2011 Welcome 2 My Nightmare, que revisita/reinventa a história iniciada em 1975, no primeiro disco solo do cantor (Welcome To My Nightmare, obviamente), contando novamente com o renomado produtor Bob Erzin. E o resultado, de certa forma, surpreende.

Para começar, não se trata de um álbum de hard rock em sua essência, o que provavelmente desagradará os mais puristas entre os fãs do estilo. Mas para quem for mais aberto a outros tipos de sons, isso pode não ser um grande problema. A abertura com as boas "I Am Made Of You" e "Caffeine" (apesar de uns efeitos, digamos assim, 'modernosos' demais no final dessa última) introduz o ouvinte a atmosfera que se encontrará no restante do track-list, que contém alguns destaques bastante notáveis.

"A Runaway Train" e "Last Man On Earth" são um tanto estranhas ao universo de Cooper, mas conseguem soar agradáveis. Vale citar também a balada "Something To Remember Me By", com um refrão que gruda na cabeça facilmente, a mais sombria "When Hell Comes Home", com a melhor linha de baixo presente no CD, a interessante "The Congregation", com passagens guitarrísticas marcantes, e as ótimas "I'll Bite Your Face Off" e "I Gota Get Outta Here", que são as únicas a lembrar a fase setentista do cantor.

Infelizmente, outras faixas acabam prejudicando vertiginosamente a qualidade do repertório. "Disco Bloodbath Boogie Fever" chega a beirar o ridículo, com direito a backing vocals cosntrangedores e uma bateria eletrônica/programada das mais vagabundas. Isso sem falar na não menos patética "Ghouls Gone Wild", que parece ter saído de algum musical adolescente mabembe. Temos também a hard-farofa "What Baby Wants", contendo a polêmica participação da cantora pop Ke$ha, que felizmente não compromete muito, apesar da música estar longe de ser algo que chame muito a atenção.

Claro que muitos torcerão o nariz para o registro, que realmente não chega a merecer o status de clássico como outros da discografia de Cooper. Mas Welcome 2 My Nightmare é um álbum, no final das contas, digno e competente, apesar de algumas escorregadas que poderiam ser evitadas. Vale o investimento.

Nota: 7

Matheus Henrique

domingo, 25 de dezembro de 2011

Wilco - The Whole Love (2011)


Tem certas bandas que sempre despertam expectativas (positivas) quando estão prestes a lançar um novo trabalho, seja pela qualidade sempre elevada de seus resgistros anteriores, ou apenas pelo nome já consolidado há tempos na cena musical. E poucas delas são tão representativas desse fato (ao menos no meio 'indie') quanto os norte-americanos do Wilco nos últimos anos.

Liderados pelo guitarrista/violonista/compositor/vocalista Jeff Tweedy, o grupo foi provavelmente o principal expoente do alternative country do final da década de 90, e desde então vêm crescendo cada vez mais no quesito popularidade, graças á ótimos álbuns como Yankee Hotel Foxtrot (2002) e Sky Blue Sky (2007), que apresentavam uma sonoridade única e totalmente atemporal.

Eis que em 2011, chegamos a The Whole Love. Liberado na rede pouco antes de chegar realmente ás lojas, deixou mais uma vez os fãs esperançosos em busca de mais uma 'obra-prima', além de um sopro de recuparação após o auto-intitulado de 2009, que apesar de competente, chegou a desapontar um pouco. A verdade é que a banda deixou a todos de certa forma 'mal-acostumados', e é sempre esperado que eles apareçam com algo um tanto inovador. E o registro em questão pode muito bem saciar os mais fanáticos.

"Art Of Almost" abre o track-list com seus poucos mais de 7 minutos de duração, em meio a um certo experimentalismo que chega a remeter um pouco ao já citado Yankee Hotel Foxtrot, e sua longa faixa de abertura "I Am Trying To Break Your Heart". E a seguir, o que temos é um punhado de boas canções, desde as belas "Black Moon", "Born Alone" e "Sunloathe", até as mais 'agitadinhas' (ao menos em comparação as outras) "I Might" e "Dawned On Me", essa última sem dúvidas o grande destaque por aqui, ao lado da não menos ótima e cativante "Open Mind".

Há também as agradáveis "Capitol City", "Standig O" (outra em que as experimentações são notadas) e "Rising Red Lung", a interessante faixa-título, e "One Sunday Morning (Song For Jane Smiley's Boyfrend)", que em seus mais de 12 minutos fecha o álbum de uma maneira relaxante e reflexiva, em meio a uma atmosfera deliciosamente 'Dylanesca'.

Talvez não seja algo totalmente novo como sempre esperam, e muito menos o melhor disco da banda. Mas The Whole Love é coeso, repleto de grandes momentos, e não será surpresa se aparecer nas principais listas de melhores do ano. Eles com certeza não decepcionaram.

Nota: 8,5

Matheus Henrique

sábado, 24 de dezembro de 2011

Lou Reed & Metallica - Lulu (2011)


Fruto da inusitada parceria entre Lou Reed e o Metallica, Lulu chegou ás lojas em setembro desse ano, e desde então vêm dividindo opiniões entre os fãs. Enquanto alguns dizem ser um trabalho interessante e ousado, outros (a grande maioria) criticaram impiedosamente o trabalho. Mas afinal, o que realmente se pode dizer sobre esse disco? Simples: Lulu é, obviamente, um álbum difícil de ser digerido nas primeiras ouvidas, mas que mais acerta do que erra.

Lou Reed escreveu todas as letras baseadas nas obras do escritor Frank Wedekind "O Espírito Da Terra" (1895) e "A Caixa De Pandora" (1904) para a trilha sonora de uma peça teatral, mas o projeto acabou engavetado. Sendo assim, aproveitou o material não utilizado em questão e entregou para o Metallica musicá-lo. Abrindo o repertório, temos as surpreendentemente boas "Brandenburg Gate" e "The View" (single promocional do CD), que já dão a pista do que será encontrado no resto do track-list: O quarteto fazendo quase que jams entre as canções, com James Hietfield cantando algumas vezes, enquanto Lou praticamente declama os textos (o que acaba sendo o maior obstáculo para digerir o trabalho).

Infelizmente, a fraca "Pumping Blood" acaba esfriando um pouco os ânimos, apesar dos bons retoques orquestrais, e "Mistress Dead", por mais que seja a mais pesada entre todas aqui, não passa de uma faixa razoável. Encerrando a primeira parte (ou primeiro ato, como alguns preferem denominar), "Iced Honey" e a longa "Cheat On Me" dão novo gás ao trabalho, e são provavelmente as melhores do repertório.

Abrindo a segunda parte, temos as interessantes "Frustration" e "Little Dog", com destaque para o violão perfeitamente bem encaixado nessa última. "Dragon" começa fraca, demorando para engrenar, mas aos poucos vai crescendo, ao mesmo tempo que apresenta passagens guitarrísticas bastante incomuns vindas de Hietfield e Hammet, com foco maior nas experimentações com o feedback. Fechando o disco, a enorme "Junior Dad", com seus quase vinte minutos, é agradável, com mais um trabalho de orquestra muito bem sacado, ainda que sua duração elevada dificulte um pouco sua audição.

Para os fãs do Metallica que esperavam um álbum mais próximos do que a banda sempre fez sozinha, realmente o disco pode parecer ruim. Mas para os apreciadores da obra de Reed, que comanda as ações por aqui, e outros que tiverem um gosto mais diversificado, aberto a novas possibilidades, Lulu pode se tornar uma boa surpresa. Por fim, não vá atrás de opiniões alheias mais fanáticas, e tire suas próprias conclusões.

Nota: 7

Matheus Henrique

The Strokes - Angles (2011)


Ok, vamos aos fatos: Por mais que o hype gigantesco que a banda e seu disco de estréia Is This It? receberam no começo da década passada tenha sido um tanto exagerado, os Strokes foram sim um dos destaques dos anos 2000. Seus dois primeiros álbuns, o debut já citado de 2001 e Room On Fire (2003), eram repletos de ótimas canções e fizeram um sucesso merecido. Nada realmente inovador, é verdade, mas agradável em certo ponto. Em First Impressions Of Earth (2006), o nível decaiu um pouco, mas ainda dá para tirar alguns bons momentos dali.

Em 2011, foi lançado Angles, quarto registro de estúdio do grupo, depois de quase dois anos sendo excessivamente trabalhado. Obviamente uma enorme expectativa foi criada, e o primeiro single do álbum, a ótima "Undercover Of Darkness", deu a sensação de que seria difícil um resultado decepcionante. Mas, infelizmente, não foi isso que aconteceu.

O que vemos por aqui é um trabalho confuso, que atira para os todos os lados, soando sem foco nenhum. Claro que há certos destaques, como a boa "Metabolism", com passagens de guitarras interessantes, a deliciosamente pop-rock "Gratisfaction", a mais experimental (seja lá o que isso queira dizer) "Call Me Back", com seu toque de bossa nova, e a faixa de encerramento "Life Is Simple In The Moonlight", além da já citada "Undercover Of Darkeness". Ainda assim, nada que já não tivessem feito (bem) melhor antes.

De resto, o track-list apresenta várias 'tropeçadas'. "Two Kinds Of Hapiness" e "Taken For A Fool" parecem ter sido feitas no piloto-automático, tamanha a falta de inspiração de ambas. Já "Games" e "You're So Right", recheadas de influências eletrônicas, principalmente da new wave oitentista, são extremamente fracas e pior, datadas. Isso sem falar da péssima faixa de abertura "Machu Picchu", que chega a beirar o ridículo.

Enfim, para quem esperava um álbum ao menos digno, com certeza o resultado final é um grande balde de água fria. Disparado o mais fraco da discografia da banda. Se Julian Casablancas e sua turma quiserem se manter como uma banda relevante e de reconhecida importância no cenário musical, precisarão se recuperar desse equívoco chamado Angles.

Nota: 4

Matheus Henrique

Whitesnake - Forevermore (2011)


Três anos depois do bom Good To Be Bad, o Whitesnake está de volta á cena com Forevermore. Está cada vez mais claro que David Coverdale têm tentado, ainda que timidamente, disassociar sua banda daquela imagem farofeira e decadente do final da década de 80, retomando várias influências blueseiras há muito esquecidas, e isso acaba sendo um ponto positivo.

A abertura com a boa "Steal Your Heart Away" deixa isso evidente, lembrando álbuns bem antigos da banda como Lovehunter (1979) e Ready And Willing (1980). "All Out Of Luck" contém um bom trabalho de guitarras, mantendo o bom nível do registro, e o primeiro single "Love Will Set You Free" também consegue soar agradável, apesar de um refrão não muito inspirado.

Outras canções ameaçam um retorno a fase 'pimposa' já citada, em especial a mediana "Dogs In The Street", que realmente não consegue convencer, mas "Love And Treat Me Right" surpreende de maneira positiva. Vale destacar a boa "I Need You (Shine A Light)", com uma atmosfera setentista cativante, as competentes "Tell Me How" e "My Evil Ways", e a ótima "Whipping Boy Blues", que chega a lembrar Led Zeppelin em várias passagens, e isso nunca é algo ruim.

As tradicionais baladas continuam marcando presença, e devem dividir opiniões entre os fãs. A semi-acústica "One Of These Days" é agradável, e "Easier Said Than Done" também não faz feio, apesar de ser um tanto 'melosa'. Já "Fare Thee Well" é dispensável, e destoa das outras do CD. Mas a mezzo-épica faixa-título é que acaba se tornando o grande trunfo do registro, com seus mais de 7 minutos que em nenhum momento soam cansativos.

Por mais que muitos torçam o nariz, o Whitesnake ainda consegue fazer álbuns dignos, e se ao vivo Coverdale têm decepcionado nos vocais, ao menos em estúdio ainda faz seu trabalho com competência, assim como todo o resto da banda. Forevermore é um belo disco de hard rock, e que soa totalmente atual e pode muito bem estar nas listas de melhores do ano do gênero.

Nota: 8

Matheus Henrique

Mastodon - The Hunter (2011)


Um dos grandes nomes do heavy metal atual, o Mastodon chama novamente as atenções para si com o lançamento de seu quarto álbum de estúdio, The Hunter. Dando sequência ao ótimo Crack The Skye, de 2009, o que vemos por aqui é um trabalho mais direto, talvez até mais acessível ao grande público, ao menos em comparação aos seus antecessores. Mas se engana quem pensa que falta qualidade.

O melhor do sludge metal que sempre foi praticado pelo grupo continua presente, com toques de psicodelia e rock progressivo que só reforçam o efeito totalmente 'viajante' que suas canções tem sobre o ouvinte. A abertura com as ótimas "Black Tongue" e "Curl Of The Burl" (essa última provavelmente a melhor entre todas desse registro) impressiona, e apresentam praticamente tudo o que veremos por aqui: Riffs e solos precisos, bateria extremamente técnica, mas repleta de feeling e mudanças de andamento na medida certa.

Vale destacar também "Blasteroid", com um riff que parece ter sido composto por Toni Iommi, mas que logo se torna uma canção bastante veloz e em que algumas passagens chega até a lembrar algo próximo ao Queens Of The Stone Age de Rated R. Já as poderosas "Octopus Has No Friends" e "All The Heavy Lifting", repletas de guitarras marcantes e únicas, além da faixa-título, com sua complexidade latente por meio de linhas mais melódicas, são pontos altos notáveis do track-list.

Na parte final do disco, as que mais se sobressaem são a acachapante "Thickening", a sombria "Creature Lives", e a progressiva "The Sparrow", com suas influências mais do que obvias de Pink Floyd em sua estrutura, e que encerra esse que é um dos álbuns mais representativos do metal moderno, mostrando que ainda há lugar para muitas inovações dentro do gênero, que infelizmente vêm primando em sua maioria pela repetição de fórmulas já saturadas e que só agradam aos mais fanáticos e conservadores.

Não há como negar que o Mastodon é uma das melhores bandas da atualidade, e esse registro é algo extremamente original e diferente de tudo que se encontra ultimamente na cena musical. Para os amantes de (boa) música pesada, é um disco simplesmente obrigatório.

Nota: 9

Matheus Henrique

Anthrax - Worship Music (2011)


Depois de um vai-e-vem de vocalistas na década de passada, e oito anos sem nada de inédito no mercado, eis que o Anthrax está de volta mais uma vez com o velho Joey Belladona comandando o microfone, e coloca na praça seu novo disco Worship Music, um dos mais aguardados na cena metálica em 2011. Mas para quem esperava um grande resgistro ou um retorno triunfante do antigo frontman, esse álbum pode ser um tanto decepcionante.

Tecnicamente não há do que reclamar. Charlie Bennante é um dos melhores bateristas da história do thrash metal, e aqui se mantém preciso nas baquetas, e todos os outros cumprem suas funções com competência por todo o trabalho. Como destaques, temos a pesadíssima "Earth In Hell" logo na abertura, que até dá uma boa primeira impressão, e outras como as agressivas "The Devil You Know", "Fight 'Em 'Til You Can't" e "Revolution Screams", além da de certa forma 'diferente' "I'm Alive", conseguem se sobressair em meio ao track-list, mostrando bons momentos.

Infelizmente, o que predomina no resto do repertório é um punhado de canções irregulares, que mais desagradam o ouvinte do que o contrário. "The Giant" têm peso, mas não convence, o mesmo valendo para "Judas Priest". Já a mais melódica "In The End", uma homenagem aos falecidos Dimebag Darrel e Ronnie James Dio, acaba soando pessimamente pretensiosa, enquanto as fraquíssimas "The Constant" e "Crawl" parecem duas tentativas desesperadas (e fracassadas) na busca de um maior apelo radiofônico para o trabalho, especialmente a última. Por fim, há uma boa cover para "New Noise", do Refused, ainda que um pouco deslocada por aqui.

É fato que o Anthrax é um nome que merece respeito, e têm no currículo discos clássicos como Among The Living e Persistence Of Time. Mas se quiserem se manter relevantes na cena, e atraírem novos fãs ao longo dos anos, precisarão lançar álbuns melhores e mais inspirados. O saldo final é um registro apenas razoável, e que pouco acrescenta na carreira do grupo.

Nota: 6

Matheus Henrique

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

The Decemberists - The King is Dead (2011)



Depois do irregular, porém competente, The Hazards Of Love, Colin Meloy e companhia reaparecem na cena com The King is Dead, um álbum simples e que passeia de maneira soberba pelos terrenos do folk e do country norte-americano, com pitadas de rock e pop que dão um toque ainda mais cativante ao disco.

Com influências de Bruce Sprigsteen, Neil Young e principalmente R.E.M. (tanto que o ex-guitarrista do grupo, Peter Buck, toca em três faixas por aqui), o repertório consegue prender o ouvinte de maneira impressionante, começando pela abertura com "Don't Carry It All", com uma gaita muito bem-vinda e que se faz presente por toda a canção em meio aos violões. "Calamity Song" e a bela 'Rise To Me" dão continuidade ao registro, abrindo caminho para a dançante e extremamente grudenta "Rox In The Box", com um refrão que fica na cabeça rapidamente. A primeira metade do disco é encerrada com "January Hymn", onde mais uma vez a simplicidade se faz presente e encanta, em uma faixa quase acústica.

"Down By The Water" é provavelmente a melhor de todas, bastante pop-rock em sua essência, e que escancara mais do que nunca o quanto o R.E.M. foi uma inspiração gigantesca para Melloy nas composições que aqui se encontram. Em seguida, temos as não menos boas "All Arise!" e "June Hymn", que continuam elevando a qualidade predominante, e preparam o ouvinte para a bela "This Is Why We Fight", outra com um certo apelo pop que lhe fornece uma posição de destaque em meio a todas as outras. É uma tarefa praticamente impossível não sair cantarolando essa canção logo depois de ouvi-la, tamanha sua atmosfera diferenciada.

Finalizando o track-list, "Dear Avery" é uma semi-balada, com um toque de melancolia que de certa forma funciona. Quando termina-se de ouvir o material nesse álbum registrado, não há dúvidas de que estamos presenciando um dos grandes trabalhos de 2011. Não á toa vendeu cerca de 94 mil cópias com apenas uma semana de lançamento (isso em tempos de internet é algo impressionante). Os Descemberists se mostram novamente relevantes, com um disco que soa atemporal e deve agradar qualquer amante de boa música.

Nota: 9

Matheus Henrique

Foo Fighters - Wasting Light (2011)


Enfim, eles acertaram a mão. Por mais que One By One, In Your Honor e até mesmo o fraco Echoes, Silence, Patience & Grace tivessem seus bons momentos, não dá para dizer que o Foo Fighters havia lançado um álbum realmente convincente como um todo na década passada. Mas Wasting Light vêm para apagar todas essas 'escorregadas'.

A trupe de Dave Ghrol, agora acrescentada do guitarrista Pat Smear (de volta a função depois de anos), está mais afiada do que nunca, e recupera a inspiração que há muito parecia perdida. Na produção, está presente ninguém menos do que o lendário Butch Vig, o mesmo que produziu o clássico Nevermind, do Nirvana, o disco mais importante da década de 90, além de outros grandes álbuns da época.

"Bridge Burning" abre o disco de maneira agressiva, mas ainda assim assecível e cotém um dos muitos refrões grudentos que aparecem nesse trabalho. A seguir, "Rope" e "Dear Rosemary", essa última com participação do ex-Husker Dü Bob Mould na quarta guitarra e nos backing vocals, são os principais detaques, com todos brilhando em seus instrumentos, em especial o ótimo baterista Taylor Hawkins. A pesada "White Limo" e as mais radiofônicas "Arlandria" (quase uma balada) e "These Days" dão continuidade ao track-list, que só vai crescendo no quesito qualidade.

Na parte final do álbum, encontramos a boa "Back And Forth", as pegajosas "A Matter Of Time" e "Miss The Misery", principalmente nos refrões (de novo...), e a um tanto sombria "I Should Have Known", onde temos outra participação especial fundamental: Krist Novoselic, ex-baixista do Nirvana. Mas é na última faixa que está talvez o ponto mais alto aqui alcançado. "Walk" é o tipo de música que consegue agradar qualquer tipo de ouvinte, desde o 'roqueiro' mais radical até os que não são muito adeptos de sons mais agressivos (não que seja uma canção extremamente pesada). Não á toa virou o carro-chefe do registro.

Se Ghrol ultimamente parecia estar sendo mais produtivo e focado em projetos paralelos, esse disco vem para provar que sua banda principal ainda tem muito a oferecer no meio musical. Indispensável.

Nota: 8,5

Matheus Henrique

Megadeth - Th1rt3en (2011)



Primeiro trabalho de estúdio depois o retorno do baixista David Ellefson à banda, Th1rt3en serve basicamente como uma retrospectiva de toda a carreira do Megadeth, como já era bastante propagado antes de seu lançamento. Temos aqui músicas pesadíssimas, que lembram a fase thrash oitentista, até outras mais melódicas e/ou cadenciadas, que remetem a álbuns como Countdown To Extinction e Cryptic Writings. Para os fãs mais fiéis, isso acaba sendo um bom atrativo.

"Sudden Death" abre o repertório com riffs poderosos, mas apesar de ser uma boa canção, não chega a causar um impacto tão grande. Por sorte, "Public Enemy Nº 1" e "Whose Life (Is It Anyways?)", com várias passagens marcantes e refrões bem encaixados, colocam o álbum nos trilhos finalmente. Tanto Ellefson quanto o baterista Shawn Drover cumprem suas funções com competência, enquanto Chris Broderick e Dave Mustaine se completam nas guitarras. Também não há como deixar de citar os velhos vocais esganiçados do último, que por mais que continue sendo contestado, já se tornou uma marca registrada do grupo.

Na sequência do track-list, podemos destacar ótimas músicas como as pesadas "Wrecker" (mais um refrão pegajoso) e "Never Dead", que provavelmente estarão entre as favoritas dos mais fanáticos, e as mais arrastadas "Fast Lane" e "Deadly Nightshade", que apresentam as melhores atuações da banda como um todo na parte técnica. Seguindo o clima de retrospectiva citado no início do texto, encontramos aqui três releituras de sobras do passado ("Millenium Of The Blind", "New World Order" e "Black Swan"), que aqui ganharam versões definitivas.

Mas nem tudo são flores nesse disco. As medianas "Guns, Drugs & Money" e "13" contém influências de hard-rock bem-vindas, mas não convencem como deveriam. Já "We The People" é disparada a mais fraca de todas aqui presentes, soando como uma faixa feita meramente para preencher espaço.

Seria difícil repetir o éxito do ótimo e surpreendente Endgame, de 2009, e isso acabou não acontecendo mesmo. Mas Mustaine e sua trupe conseguiram, apesar de alguns deslizes, um bom álbum de heavy metal, que deve agradar em cheio os fãs do gênero.

Nota: 7,5

Matheus Henrique

Arctic Monkeys - Suck It And See (2011)



Se em Humbug, de 2009, o Arctic Monkeys já mostrava uma clara evolução nas composições, ao menos se comparado aos seus dois (bons) primeiros álbuns, Suck It And See pode ser visto como uma continuação desse processo. A banda resolveu mais uma vez sair do lugar comum, e o resultado foi um disco extremamente coeso e inspirado, repleto de grandes momentos.

A abertura com as belas "She's Thunderstorms" e "Black Treacle" já impressiona o ouvinte logo de cara, mostrando um Alex Turner cantando um pouco diferente de seu habitual, mas ainda assim muito bem. A sequência se dá com a roqueira "Brick By Brick", a sub-psicodélica "The Hellcat Spangled Sha-La-La-La" e a densa "Don't Sit Down 'Cause I've Moved Your Chair", todas mantendo o nível do disco lá em cima. Em todas elas, pode-se notar a enorme influência de Echo & The Bunnymen, Smiths e outros grupos oitentistas ingleses.

Do restante, vale citar a urgente "Library Pictures", a ótima "Reckless Serenade", com uma linha de baixo marcante, e a carismática faixa-título, que soa praticamente como uma balada, e que conquista logo na primeira ouvida. "That's Where You're Wrong" é a mais longa de todas, com seus poucos mais de 4 minutos, e encerra esse que é com certeza um dos melhores álbuns do ano.

Fica claro por aqui que o grupo amadureceu bastante nos últimos tempos, e ainda poderá oferecer trabalhos ainda melhores num futuro próximo. Se você sempre teve um pé atrás com os Monkeys, graças ao hype exagerado que eles tiveram na década passada, está na hora de rever seus conceitos...

Nota: 9

Matheus Henrique

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