Fruto da inusitada parceria entre Lou Reed e o Metallica, Lulu chegou ás lojas em setembro desse ano, e desde então vêm dividindo opiniões entre os fãs. Enquanto alguns dizem ser um trabalho interessante e ousado, outros (a grande maioria) criticaram impiedosamente o trabalho. Mas afinal, o que realmente se pode dizer sobre esse disco? Simples: Lulu é, obviamente, um álbum difícil de ser digerido nas primeiras ouvidas, mas que mais acerta do que erra.
Lou Reed escreveu todas as letras baseadas nas obras do escritor Frank Wedekind "O Espírito Da Terra" (1895) e "A Caixa De Pandora" (1904) para a trilha sonora de uma peça teatral, mas o projeto acabou engavetado. Sendo assim, aproveitou o material não utilizado em questão e entregou para o Metallica musicá-lo. Abrindo o repertório, temos as surpreendentemente boas "Brandenburg Gate" e "The View" (single promocional do CD), que já dão a pista do que será encontrado no resto do track-list: O quarteto fazendo quase que jams entre as canções, com James Hietfield cantando algumas vezes, enquanto Lou praticamente declama os textos (o que acaba sendo o maior obstáculo para digerir o trabalho).
Infelizmente, a fraca "Pumping Blood" acaba esfriando um pouco os ânimos, apesar dos bons retoques orquestrais, e "Mistress Dead", por mais que seja a mais pesada entre todas aqui, não passa de uma faixa razoável. Encerrando a primeira parte (ou primeiro ato, como alguns preferem denominar), "Iced Honey" e a longa "Cheat On Me" dão novo gás ao trabalho, e são provavelmente as melhores do repertório.
Abrindo a segunda parte, temos as interessantes "Frustration" e "Little Dog", com destaque para o violão perfeitamente bem encaixado nessa última. "Dragon" começa fraca, demorando para engrenar, mas aos poucos vai crescendo, ao mesmo tempo que apresenta passagens guitarrísticas bastante incomuns vindas de Hietfield e Hammet, com foco maior nas experimentações com o feedback. Fechando o disco, a enorme "Junior Dad", com seus quase vinte minutos, é agradável, com mais um trabalho de orquestra muito bem sacado, ainda que sua duração elevada dificulte um pouco sua audição.
Para os fãs do Metallica que esperavam um álbum mais próximos do que a banda sempre fez sozinha, realmente o disco pode parecer ruim. Mas para os apreciadores da obra de Reed, que comanda as ações por aqui, e outros que tiverem um gosto mais diversificado, aberto a novas possibilidades, Lulu pode se tornar uma boa surpresa. Por fim, não vá atrás de opiniões alheias mais fanáticas, e tire suas próprias conclusões.
Nota: 7
Matheus Henrique
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