Jimmy Page já era um nome tarimbado na cena roqueira no fim da década de 60, tendo sido um renomado músico de estúdio e também membro da última ercarnação do lendário Yardbirds. Mas com o fim da já citada banda no começo de 68, resolveu seguir em frente e montar o seu próprio grupo, ideia que já permeava em sua cabeça há um tempo, mas que só agora seria posta em prática.
Junto do baixista Chris Deja, começou a formar o que seria os The New Yardbirds, uma óbvia continuação do antigo grupo. Depois de algumas propostas para vocalistas, incluindo nomes como Steve Marriot e Terry Reid, encontraram o jovem Robert Plant, que trouxe consigo o também promissor baterista John Bonhman, e quando Deja deixou a empreitada para seguir carreira de fotógrafo, John Paul Jones, outro velho conhecido, assumiu o baixo. Estava formada a que seria uma das maiores bandas de rock de todos os tempos.
Após bons primeiros ensaios e concertos, gravaram o primeiro álbum no mesmo ano, e resolveram mudar o nome do grupo para Led Zeppelin, que fora derivado de uma antiga discussão com os baixista e baterista do Who na época, respectivamente, John Entwistle e Keith Moon. Com uma boa repercussão do debut auto-intitulado, logo um segundo disco estava planejado, e como as turnês eram praticamente ininterruptas naquele começo, resolveram registrar o mais novo repertório entre intervalos da estrada mesmo. E o próprio redefiniria para sempre o mundo da música após seu lançamento.
Chamado simplesmente de Led Zeppelin II, o trabalho apresenta várias características que seriam religiosamente copiadas por várias bandas de hard rock nas décadas seguintes. As guitarras agressivas de Page, os vocais agudos de Plant, e a potente cozinha de Jones e Bonhman já estavam presentes no primeiro álbum, mas aqui realmente se consolidaram como algo único e inovador. Tudo aqui está perfeitamente consiliado, e formam uma unidade sonora poucas vezes vista antes dentro do rock n' roll, e mesmo depois de muitos anos ainda impressiona qualquer ouvinte.
A clássica "Whole Lotta Love" abre o track-list de maneira intimidadora, com um senhor riff que logo chama a atenção e altas doses de uma psicodelia ainda reinante na época. Não à toa se tornou um hit imediato. Essa canção mais tarde daria problemas para a banda, graças às suas semelhanças com "You Need Love", de Willie Dixon, que processou o Zeppelin por plágio e acabou vencendo no final. Hoje em dia, o mesmo é creditado na composição.
Na sequência, a bela "What Is And What Should Never Be" demonstra uma atmosfera mais intimista, com algumas passagens acústicas e uma interpretação em certos momentos mais 'delicada' de Plant. Mas é justamente isso, junto ao seu refrão grudento na medida certa, que a torna um dos grandes destaques por aqui. "The Lemon Song" é um blues-rock que destaca a guitarra de Page, sendo totalmente inspirada (para não dizer outra coisa) em "Killing Floor", de Howlin' Wolf, e "Thank You" é certamente a melhor balada já composta pelo grupo, fechando o lado A deixando a deliciosa sensação de que o melhor, porém, ainda está por vir.
Mais um riff espetacular abre a não menos impressionante "Heartbreaker", com uma atuação inspirada de todos os integrantes e que se tornou mais um clássico no repertório durante os concertos na década seguinte. Em seguida, temos a música mais subestimada da carreira do Zeppelin: "Living Loving Maid (She's Just A Woman)" é um rock bastante simples, mas que conquista rapidamente com sua levada contagiosa e magnífica. Não dá pra entender como é pouco lembrada até hoje. De certa forma, o mesmo vale para "Ramble On", que alterna entre momentos mais calmos e outros repletos de peso, com destaque para o baixo do grande John Paul Jones, que aqui atinge seu ápice individual.
A instrumental "Moby Dick" comprova a excelência de Bonhman em um solo de bateria endiabrado, e abre caminho para o apoteótico encerramento com "Bring It On Home". A canção, um velho blues tradicional complementado pela dupla Page/Plant, é sem dúvidas o ponto alto de todo o registro, e não deixa dúvidas quanto à sua qualidade. Nunca mais a banda soaria como soou nessa esplendorosa faixa.
O resto da história todos sabem: Led Zeppelin II desbancou o platinado Abbey Road, dos Beatles, do topo das paradas, e consolidou o grupo como a maior força do rock n' roll inglês naquele momento. Quando se ouve o que está aqui presente, percebe-se que não foi por acaso. Um dos melhores discos de todos os tempos, que serviu como uma verdadeira bíblia para as futuras bandas de hard rock que surgiriam nos anos 70. Se você ainda não compreendeu o porquê de toda a aura por trás de Page e companhia que permanece até hoje, simplesmente ouça esse que é o melhor entre todos da não menos ótima discografia 'zeppeliniana'.
01 - Whole Lotta Love
02 - What Is And What Should Never Be
03 - The Lemon Song
04 - Thank You
05 - Heartbreaker
06 - Living Loving Maid (She's Just A Woman)
07 - Ramble On
08 - Moby Dick
09 - Bring It On Home
Robert Plant (voz, gaita)
Jimmy Page (guitarra, violão, theremin, backing vocals)
John Paul Jones (baixo, teclado, backing vocals)
John Bonhman (bateria, percussão, backing vocals)
Matheus Henrique
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