Tentar dar sequência a um álbum conceitual é uma ideia sempre arriscada, haja visto o fracasso de algumas aventuras do tipo nos últimos tempos (Queensrÿche, Helloween). Mas Alice Cooper preferiu correr esse risco, e lançou em 2011 Welcome 2 My Nightmare, que revisita/reinventa a história iniciada em 1975, no primeiro disco solo do cantor (Welcome To My Nightmare, obviamente), contando novamente com o renomado produtor Bob Erzin. E o resultado, de certa forma, surpreende.
Para começar, não se trata de um álbum de hard rock em sua essência, o que provavelmente desagradará os mais puristas entre os fãs do estilo. Mas para quem for mais aberto a outros tipos de sons, isso pode não ser um grande problema. A abertura com as boas "I Am Made Of You" e "Caffeine" (apesar de uns efeitos, digamos assim, 'modernosos' demais no final dessa última) introduz o ouvinte a atmosfera que se encontrará no restante do track-list, que contém alguns destaques bastante notáveis.
"A Runaway Train" e "Last Man On Earth" são um tanto estranhas ao universo de Cooper, mas conseguem soar agradáveis. Vale citar também a balada "Something To Remember Me By", com um refrão que gruda na cabeça facilmente, a mais sombria "When Hell Comes Home", com a melhor linha de baixo presente no CD, a interessante "The Congregation", com passagens guitarrísticas marcantes, e as ótimas "I'll Bite Your Face Off" e "I Gota Get Outta Here", que são as únicas a lembrar a fase setentista do cantor.
Infelizmente, outras faixas acabam prejudicando vertiginosamente a qualidade do repertório. "Disco Bloodbath Boogie Fever" chega a beirar o ridículo, com direito a backing vocals cosntrangedores e uma bateria eletrônica/programada das mais vagabundas. Isso sem falar na não menos patética "Ghouls Gone Wild", que parece ter saído de algum musical adolescente mabembe. Temos também a hard-farofa "What Baby Wants", contendo a polêmica participação da cantora pop Ke$ha, que felizmente não compromete muito, apesar da música estar longe de ser algo que chame muito a atenção.
Claro que muitos torcerão o nariz para o registro, que realmente não chega a merecer o status de clássico como outros da discografia de Cooper. Mas Welcome 2 My Nightmare é um álbum, no final das contas, digno e competente, apesar de algumas escorregadas que poderiam ser evitadas. Vale o investimento.
Nota: 7
Matheus Henrique
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